terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A Independência foi delineada a partir do "Fico"

O protagonista: D.Pedro I
O FATO: Rompimento de vínculo
A história : o então Príncipe Regente D.Pedro foi contra as ordens das Cortes Portuguesas, que exigiam seu retorno imediato para Portugal.
Já em 1821, as Cortes Portuguesas se mostraram propensas a transformar o Brasil, outra vez, em Colônia. Foi então que os liberis radicais se uniram ao Partido Brasileiro para tentar manter a autoridade brasileira.
As Cortes Portuguesas enviaram nova decisão exigindo o retorno imediato do Príncipe para Portugal.Os liberais radicais,em resposta, organizaram grande movimentação com o intuito de reunir o maior número de assinaturas, num total de 8 mil e , com isso, pressionaram o Príncipe a ficar no Brasil.
Diante desses fatos e contrariando as ordens portuguesas de retornar imediatamente a Portugal, D. Pedro I Declarou: " se é para o bem de todos e felicidade geral desta Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico!
Com essa decisão, D.Pedro I abriu o estopim dos conflitos diretos com os interesses de Portugal para romper o vínculo entre as duas Nações. Foi esse Fico que prenunciou a declaração de Independência do Brasil, a qual aconteceria mais tarde, ainda no mesmo ano, mais precisamente em 07 de setembro.
Relatos históricos dão conta que a Carta do fico, redigida por José Bonifácio de Andrada e Silva, foi escrita no atual prédio do CPOR DO Exército Brasileiro, aqui na Zona Norte.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Ano Novo

Ano Novo vida minha.
Vamos começar a escrever no livro da vida, mais um capítulo.
Que ele possa ser o melhor possível.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Bullying

Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.

O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.

As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.

As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.

O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.

Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Gueto de Varsóvia

ContemporâneaO Gueto de Varsóvia
O GUETO DE VARSÓVIA

Introdução
A teoria anti-semita do nazismo foi esboçada inicialmente no livro “Mein Kampf”, (Minha Luta) que Hitler escreveu enquanto esteve no presídio militar de Landsberg, por força de sentença do Tribunal de Munique, uma vez que liderara o levante conhecido como PUTSCH DE MUNIQUE. Condenado a 5 anos de prisão, ficou detido por apenas 8 meses.
Toda a década de 20 do século XX foi caracterizada por grave crise na Alemanha, em parte devido as imposições do pós Primeira Guerra, que se ampliaram após a crise 1929. Apesar de variações na dimensão da crise, considera-se que ela foi responsável pela “polarização ideológica”, quando percebemos a organização e o crescimento do movimento fascista e, na Alemanha, do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores (Nazista) liderado por Hitler
O Partido nazista chegou efetivamente ao poder em janeiro de 1933. Desde então configurou-se uma ditadura no país e, do ponto de vista social, a perseguição em larga escala aos judeus; não havia instância policial ou estatal capaz de conter os distúrbios e agressões das SA, as temidas milícias paramilitares do Partido Nacional-Socialista ( o nome original, Sturmabteilung, significaria Divisão de Assalto).
Rapidamente os judeus foram despojados de seus direitos individuais e civis, proibidos de exercer determinadas profissões, limitados em seu direito de ir e vir, expulsos de universidades, agredidos, obrigados a entregar ou vender empresas e propriedades. Quem podia, tentava fugir para o exterior para escapar das perseguições.
As perseguições se estenderam a todos os territórios ocupados pelas tropas alemãs, conforme avançavam, principalmente em territórios do leste europeu. Nesse sentido, a Polônia, primeiro país ocupado pelos alemães e com população judaica em grande número, sentiu diretamente os efeitos da política nazista, que combinou o “combate às raças inferiores” com o combate a todos aqueles que se opunham ao novo governo do pinto de vista político. Socialistas, comunistas, nacionalistas poloneses, todos que, de alguma forma participaram ou contribuíram com a resistência polonesa foram perseguidos e, quando capturados, enviados inicialmente para Auschwitz.

A Solução Final

Não se sabe exatamente quando se iniciou a política de extermínio completo dos judeus, designada pelos nazistas como “a solução final”. Para muitos historiadores a “Solução Final” teria se iniciado após a invasão da União Soviética, quando os Einsatzgruppen (Grupos de Tarefas Especiais) entraram na União Soviética seguindo a invasão das forças armadas, em junho de 1941 e passaram a fuzilar judeus onde quer que estes se encontrassem. Cerca de 500.000 judeus foram mortos desta forma entre Julho e Dezembro de 1941.
No entanto, a maioria dos documentos existentes considera que a decisão de Hitler, no sentido de efetivar a eliminação em massa, foi de dezembro de 1941 e, portanto, colocada em prática a partir do início do ano seguinte.

Varsóvia

Enquanto os campos de concentração destinavam-se aos prisioneiros políticos, os judeus foram obrigados e viver em “guetos”; Os guetos judeus na região do chamado "governo geral" (área sob domínio nazista) deveriam acolher todos os judeus europeus: Lodz, Varsóvia, Cracóvia, Jalowiec ou Bialystok.
Quando o exército alemão instalou-se na Polônia e passou a exercer controle efetivo na área sob seu domínio, em outubro de 1939,iniciou uma política de transferência dos 400 mil judeus de Varsóvia para o antigo bairro judeu que, em condições normais, tinha condições de abrigar 60 mil pessoas.
Um muro de cerca de 3 metros de altura, ao longo de 18 kilometros foi rapidamente levantado para isolar completamente o bairro, que tornou-se um "gueto" no sentido mais exato e nefasto da palavra. Aos judeus de Varsóvia se somaram outros 100 mil, presos nos povoados vizinhos. As imagens do gueto mostram as condições sub-humanas de vida sem a menor infra-estrutura habitacional, de alimentação ou de saúde.. Crianças esqueléticas pediam esmolas nas ruas, adultos desesperados sem dinheiro para poder sobreviver. Os gêneros alimentícios eram contrabandeados.

Em 1942, os nazistas deram início a sua política de eliminação física dos judeus, cujo nome era "deportação para o Leste". Para as pessoas nos guetos, afirmavam que iriam para uma frente de trabalho e que poderiam inclusive ganhar dinheiro. Mas o destino final da viagem eram os campos de extermínio. Até janeiro de 1943, quase 317 mil judeus foram deportados e assassinados nas câmaras de gás.
As pessoas que permaneceram no Gueto de Varsóvia ficaram desconfiadas e a resistência judaica que começara a se organizar início de 1940 transformou-se num grupo de combate, reunindo todas as tendências políticas possíveis.
Em janeiro de 1943, Heinrich Himmler, então chefe da Gestapo – a polícia secreta -, esteve em Varsóvia e foi pessoalmente ao gueto, para logo após dar a ordem de destruição e de extermínio de todos os seus habitantes. No dia 18 de janeiro de 1943, vários batalhões da SS (Schutzstaffel - em português "Tropa de Proteção") cercaram a atacaram o gueto, mas para surpresa geral, foram recebidas à bala e granadas, forçadas a se retirar após sofrerem muitas baixas.
Um dos principais líderes da rebelião, Anilevitch, um jovem de 24 anos, fez um apelo ao mundo exterior através de uma rádio clandestina: "Declaramos guerra à Alemanha, a declaração de guerra mais desesperada que já foi feita. Organizamos a defesa do gueto, não para que o gueto possa defender-se, mas para que o mundo veja a nossa luta desesperada como uma advertência e uma crítica".
Após uma trégua de três meses, em 19 de abril de 1943, foi realizada nova investida de tropas nazistas, que contou com a colaboração de grupos fascistas poloneses e ucranianos. Mais uma vez os moradores do gueto resistiram, utilizando armas contrabandeadas, e rechaçaram os inimigos que acabaram fugindo de forma desorganizada. Para os defensores do gueto, o desespero era sua força.
Diante de tamanha resistência, o comandante alemão Jürgen Stroop recebeu ordem pessoal de Hitler para usar de todos os meios a fim de destruir o gueto: artilharia, blindados, lança-chamas, gás asfixiante. Era uma luta corpo a corpo nas ruas, nas casas, sala por sala, sobre os telhados, nos porões, nos esgotos. Finalmente, no ataque final, a aviação alemã teve que intervir para acabar com os últimos focos de resistência.
Para comemorar a destrição do "gueto", Stroop mandou dinamitar a principal sinagoga de Varsóvia, representando o ato final do extermínio daquela que havia sido uma das maiores comunidades judaicas da Europa.Fotos / Clique para ampliar

Canal de Suez

O Canal de Suez
O Egito e o Canal de Suez


Desde a antiguidade, persas e depois romanos, imaginaram a construção de um ou mais canais que facilitassem o transporte de mercadorias entre regiões do Oriente Médio e a Europa. Os romanos, quando invadiram a região, construíram vários canais ligando o sul até o delta do Nilo. No entanto, foi durante o século XIX que essa idéia ganhou novo corpo e se materializou, num momento de expansão do capitalismo, marcado pela expansão da indústria na Europa e a necessidade de ampliar mercados, assim como de encurtar distâncias entre os mesmo e as áreas produtoras.

Desde os primórdios do século XVI o Egito esteve sob domínio do Império Turco Otomano, domínio este que se estendeu até 1882. Foi um pouco antes dos turcos perderem o controle sobre a região, que o Canal de Suez foi construído.

O país era governado pelo Rei Said Pascha, que assinou, em novembro de 1854, a licença para a construção de um canal entre os mares Vermelho e Mediterrâneo. A Obra ficou a cargo da Companhia Geral do Canal de Suez, criada pelo engenheiro francês Ferdinand Marie de Lesseps, que obteve permissão para explorá-lo durante 99 anos. A obra foi concluída e inaugurada em 1869.
Na segunda metade do século XIX, época da construção do Canal, a França era governada por Napoleão III e vivenciava um processo de rápida industrialização, dentro daquilo que se convencionou denominar como Segunda Revolução Industrial.

A França já ocupava algumas regiões da África, como a Argélia (conquistada entre 1830 e 1834) e pode-se compreender a construção do Canal de Suez como mais um passo de uma política imperialista, típica do final daquele século, que envolveu diversas nações do continente europeu e ainda o Japão, no processo neocolonialista.

Toda uma legislação especial foi estabelecida para a utilização do Canal, caracterizada pelo liberalismo, que considerava a permissão de passagem para embarcações de qualquer nação. Mesmo assim, as disputas coloniais colocavam novas situações de conflito, envolvendo o interesse de empresas e de nações, na verdade interesses que misturavam público e privado.

Foi nesse contexto que a Inglaterra, a maior potência da época e que continuava sua política de expansão, invadiu e dominou o Egito, retirando-o da dominação turca.

O Império Turco conhecia um processo de decadência, percebido pelas lutas nacionalistas na Península Balcânica e reduzia-se, perdendo espaço para as potências européias, que vislumbravam dominar as regiões do Oriente Médio.

Na época da inauguração do Canal de Suez ainda não havia a exploração de petróleo no Oriente Médio, que décadas depois, já no início do século XX, colocou um novo ingrediente nas disputas que envolveram a região.

A ocupação britânica

A construção do Canal de Suez foi responsável por grande endividamento externo do governo egípcio, que obtivera empréstimos em bancos europeus, em especial ingleses. O governo estabeleceu uma situação de dependência crescente em relação ao capital internacional, fato que permitiu a ampliação de negócios estrangeiros no país e, ao mesmo tempo, alimentou um forte movimento nacionalista liderado por militares, que pretenderam derrubar o governo de Ismail Pacha.

A intervenção britânica iniciou-se em 1881e no ano seguinte o movimento revolucionário dos militares foi derrotado. Os ingleses passavam a exercer maior controle sobre o Canal, assim como passaram a ter o controle quase que completo da economia egípcia, a maior produtora de algodão do mundo naquele momento, matéria-prima fundamental para a indústria têxtil inglesa, a mais moderna da época.

A Inglaterra implementou no Egito o mesmo modelo de colonização que desenvolvia em outras regiões sob seu domínio, preservando no poder uma elite local, porém subserviente aos interesses britânicos. A manutenção de tropas britânicas, com o pretexto de garantir a ordem e os direitos dos investidores no país foi acompanhada da manutenção do antigo governante, o quediva (designação para vice-rei para os turcos). Apesar da existência de um “governo egípcio”, quem comandava o país eram os Altos Comissários Gerais britânicos, que por igual acumulavam a função protocolar de cônsules gerais do Império Britânico no Egito, apoiados pela elite agrária exportadora de algodão. A população promoveu pequenas revoltas e demonstrou descontentamento com a presença e influência britânica e a religião muçulmana serviu de elemento catalisador para esse descontentamento, apesar de que mesmo a elite entreguista era muçulmana. No entanto o movimento popular nunca encontrou força suficiente para a expulsão dos britânicos

Com o início da Primeira Guerra Mundial, o povo egípcio depositou esperanças de que no final do conflito ocorreria a evacuação das tropas britânicas do país.

No entanto, o acordo secreto Saykes-Picott, de 1916, entre Ingçlaterra e a França, que dois anos depois venceram a guerra, demosntrou que as potências não tinham nenhum intenção de abandonar o Oriente Médio. As duas potências colonialistas, controladoras do Canal de Suez,pretendiam manter e ampliar o controle sobre diversas regiões do Oriente Médio. Alias foi durante a Guerra que caracterizou a existência de petróleo da região. Inglaterra e França acertaram dividir entre si as antigas províncias otomanas (a Inglaterra preservou o controle sobre o Egito, mais a Palestina, a Transjordânia e a Mesopotâmia - atual Iraque -, enquanto a França passou a dominar as regiões do Líbano e da Síria).

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pedra da Rosseta

Pedra de RosetaOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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A Pedra de Roseta, atualmente no Museu Britânico.A Pedra de Roseta é um fragmento de uma estela de granodiorito do Egito Antigo, cujo texto foi crucial para a compreensão moderna dos hieróglifos egípcios. Sua inscrição registra um decreto promulgado em 196 a.C., na cidade de Mênfis, em nome do rei Ptolomeu V, registrado em três parágrafos com o mesmo texto: o superior está na forma hieroglífica do egípcio antigo, o trecho do meio em demótico, variante escrita do egípcio tardio, e o inferior em grego antigo.[1]

Exibida originalmente dentro de um templo, a estela provavelmente foi removida durante os períodos cristão ou medieval, e eventualmente terminou sendo usada como material na construção de um forte na cidade de Roseta (Rashid), no delta do Nilo. Foi redescoberta ali em 1799 por um soldado integrante da expedição francesa ao Egito. Primeiro texto bilíngue a ser recuperado na história moderna, a Pedra de Roseta logo despertou grande interesse pela possibilidade de conter uma tradução da antiga língua egípcia, até então nunca decifrada. Cópias litografadas e de gesso passaram a circular entre museus e acadêmicos europeus. Neste meio tempo, tropas britânicas derrotaram os franceses no Egito, em 1801, e a pedra acabou passando para a posse do Reino Unido, de acordo com a Capitulação de Alexandria. Transportada para Londres, está em exibição ao público no Museu Britânico desde 1802, onde é o objeto mais visitado.

O estudo do decreto já estava bem avançado quando a primeira tradução completa do texto grego surgiu, em 1803. Somente 20 anos depois, no entanto, foi feito o anúncio da decifração dos textos egípcios por Jean-François Champollion, em 1822; muito tempo ainda se passou até que os estudiosos pudessem ler outras antigas inscrições egípcias e compreender sua literatura com alguma confiança. Os principais fatores para esta decodificação foram: a descoberta de que a Pedra oferecia três variantes do mesmo texto (1799); que o texto em demótico utilizava caracteres fonéticos para soletrar os nomes estrangeiros (1802); que o texto em hieróglifos não só também o fazia, como tinha semelhanças profundas com o demótico (Thomas Young, 1814); e que, além de serem utilizados para soletrar estes nomes, os caracteres fonéticos também eram utilizados para soletrar palavras nativas do egípcio (Champollion, 1822–1824). Desde sua redescoberta, a Pedra tem sido alvo de rivalidades nacionalistas, incluindo sua transferência da França para o Reino Unido durante as Guerras Napoleônicas, a antiga disputa sobre o valor relativo das contribuições de Young e Champollion para a decifração, e, desde 2003, a reivindicação de retorno feita pelo Egito.

Duas outras cópias fragmentárias do mesmo decreto foram descobertas mais tarde, e diversas inscrições bilíngues ou trilíngues semelhantes foram descobertas posteriormente, incluindo dois decretos Ptolomaicos um pouco anteriores (o Decreto de Canopo, de 238 a.C., e o decreto de Mênfis de Ptolomeu IV, c. 218 a.C.). A Pedra de Roseta, portanto, não tem mais o valor de ser única, porém foi essencial para a compreensão moderna da literatura e da civilização do Egito Antigo. O termo Pedra de Roseta é utilizado hoje em dia em outros contextos, para se referir a alguma informação essencial de um campo novo de conhecimento.

Índice [esconder]
1 Descrição
1.1 Estela original
2 Decreto de Mênfis e seu conteúdo
3 Descoberta
4 Estudos
5 Conteúdo da Pedra de Roseta
6 Ver também
7 Notas
8 Referências
9 Bibliografia
10 Ligações externas

DescriçãoA Pedra de Roseta é listada como "uma pedra de granito negro que apresenta três inscrições ... descoberta em Roseta", num catálogo contemporâneo de artefatos descobertos pela expedição francesa e entregue às tropas britânicas em 1801.[2] Em algum ponto após sua chegada a Londres, a pedra teve suas inscrições pintadas com giz branco, para que ficassem mais legíveis, e a superfície restante coberta por uma camada de cera de carnaúba, projetada para protegê-la dos dedos dos visitantes.[3] Isto lhe deu uma cor escura, que fez com que fosse identificada erroneamente como basalto negro.[4] Estes acréscimos foram removidos quando a pedra foi limpa, em 1999, revelando sua tonalidade cinza-escuro original, o brilho da estrutura cristalina, e um veio rosa que a atravessa no canto superior esquerdo.[5] Comparações feitas com a coleção Klemm de rochas egípcias mostraram uma semelhança com as rochas obtidas na pedreira de granodiorito de Gebel Tingar, na margem ocidental no Nilo, a oeste da ilha de Elefantina, na região de Assuã; este veio rosado é uma característica típica do granodiorito desta região.[6]

A Pedra de Roseta tem atualmente 114,4 centímetros de altura (em seu ponto mais alto), 72,3 cm de largura e 27,9 cm de espessura. Pesa aproximadamente 760 quilos.[7] Traz três inscrições: a do topo registra o texto em hieróglifos egípcios, a segunda na escrita demótica egípcia, e a terceira em grego antigo.[8] A superfície frontal é polida, e as inscrições parecem ter sido gravadas sobre ela; os lados da pedra foram aplainados, porém sua parte traseira foi trabalhada de maneira bruta, presumivelmente porque ela não tinha a intenção de ser visível, onde quer que tenha sido erguida. [6][9]

Estela original
Possível reconstrução da estela em seu estado original.A Pedra de Roseta é um fragmento de uma estela maior. Nenhum outro fragmento foi encontrado em escavações posteriores do sítio arqueológico de Roseta.[10] Por seu estado precário de conservação, nenhum dos três textos está totalmente completo. O registro superior, que consiste dos hieróglifos egípcios, foi o mais danificado; apenas 14 linhas de texto restam, todas sem parte do lado direito, e 12 delas sem o lado esquerdo. O registro seguinte, em demótico, é o que se encontra em melhor estado; tem 32 linhas, das quais as primeiras 14 estão levemente danificadas no lado direito. O registro final, do texto grego, tem 54 linhas, das quais as primeiras 27 estão conservadas em relativa integridade, enquanto o restante está num estado fragmentário devido a uma rachadura diagonal no canto inferior direito da pedra.[11]

A extensão total do texto em hieróglifos e o tamanho total da estela original, da qual a Pedra de Roseta é um fragmento, pode ser estimada com base nas estelas semelhantes que sobreviveram aos dias de hoje, incluindo outras cópias do mesmo decreto. O decreto de Canopo, feito pouco tempo antes e erguido em 238 a.C., durante o reinado de Ptolomeu III, tem 219 cm de altura e 82 de largura, com 36 linhas de texto hieroglífico, 73 do demótico e 74 do grego. Os textos têm uma dimensão semelhante nas duas estelas.[12] A partir destas comparações pode-se chegar à estimativa de que faltam cerca de 14 ou 15 linhas de inscrições em hieróglifos no registro superior da Pedra de Roseta, que representariam outros 30 centímetros.[13] Além destas inscrições, também deveria provavelmente existir nela uma cena mostrando o rei sendo apresentado aos deuses, sob um disco alado ao topo de tudo, como foi feito na Estela de Canopo. Estes paralelos, bem como um sinal hieroglífico significado 'estela' na própria pedra; a Gardiner's Sign List (O26) sugere que sua parte superior deveria ser arredondada originalmente.[8][14] Estima-se que a altura da estela original fosse de 149 centímetros.[14]

Decreto de Mênfis e seu conteúdoA estela foi erguida após a coroação do rei Ptolomeu V, e foi inscrita com um decreto que estabelecia o culto divino do novo soberano.[15] O decreto foi proclamado por um congresso de sacerdotes reunidos em Mênfis, sua data é "4 de Xandico", no antigo calendário macedônico, e "18 de Meshir" no calendário egípcio, que correspondia a 27 de março de 196. O ano é citado como o nono ano do reinado de Ptolomeu V (equivalente a 197/196 a.C.), o que é confirmado através da citação de quatro sacerdotes que foram nomeados para o cargo no mesmo ano; Aeto, filho de Aeto foi sacerdote dos cultos divinos de Alexandre, o Grande e de cinco Ptolomeus, inclusive o próprio Ptolomeu V; seus três colegas, também citados nominalmente na inscrição, iniciaram o culto a Berenice Evérgeta (esposa de Ptolomeu III), Arsínoe Filadélfia (esposa e irmã de Ptolomeu II) e Arsínoe Filopator, mãe de Ptolomeu V.[16] Uma segunda data, no entanto, é fornecida nos textos gregos e hieroglíficos, que corresponde a 27 de novembro de 197, aniversário oficial da coroação de Ptolomeu.[17] A inscrição em demótico está conflitante, listando dias consecutivos em março para o decreto e o aniversário;[17] embora o porquê destas discrepâncias seja incerto, parece claro que o decreto data de 196 d.C., e que ele teve como intenção restabelecer o domínio dos reis ptolomaicos sobre o Egito.[18]

O decreto foi promulgado durante um período turbulento na história egípcia. Ptolomeu V Epifânio (reinou de 204 a 181 a.C.), filho de Ptolomeu IV Filopator e sua esposa e irmã, Arsínoe, havia se tornado soberano com cinco anos de idade, depois da morte repentina de seus pais, assassinados, de acordo com fontes contemporâneas, numa conspiração que envolveu a amante de Ptolomeu IV, Agatocleia. Os conspiradores efetivamente governaram o Egito como guardiães de Ptolomeu V,[19][20] até que, dois anos mais tarde, uma revolta eclodiu sob o comando o general Tlepólemo, e Agatocleia, juntamente com sua família, foi linchada por uma multidão em Alexandria. Tlepólemo, por sua vez, foi substituído como guardião do jovem rei, em 201, por Aristómenes de Alízia, principal dos ministros durante o período do decreto de Mênfis.[21]

Forças políticas externas às fronteiras do Egito exacerbaram os problemas internos do reino ptolomaico. Antíoco III, o Grande e Filipe V da Macedônia fizeram um pacto visando dividir os territórios egípcios localizados pelo Mediterrâneo; Filipe havia capturado diversas ilhas e cidades da Cária e Trácia, enquanto a Batalha de Pânio (198 a.C.), e resultou na transferência da Cele-Síria (incluindo a Judeia) dos Ptolomeus para os selêucidas. Enquanto isso o sul do Egito passava por uma duradoura revolta, iniciada já durante o reinado de Ptolomeu IV,[17] liderada por Horwennefer e por seu sucessor, Ankhwennefer.[22] Tanto a guerra quanto a revolta ainda estavam ocorrendo quando o jovem Ptolomeu foi coroado oficialmente em Mênfis, com 12 anos de idade (sete anos depois do início de seu reinado), e o decreto de Mênfis foi promulgado.[20]


Outro exemplo fragmentário de uma "estela donativa", na qual o faraó Pepi II, do Antigo Império, concede uma isenção de impostos aos sacerdotes residentes do templo de Min.A estela é um exemplar tardio de uma classe de estelas donativas, que mostram o monarca reinante concedendo uma isenção de impostos aos sacerdotes residentes.[23] Os faraós vinham erguendo estas estelas ao longo de 2000 anos, e seus exemplos mais antigos datam do período do Antigo Império. Em tempos antigos estes decertos eram promulgados pelo próprio rei, porém o decreto de Mênfis foi promulgado pelos próprios sacerdotes, na função de mantenedores da cultura egípcia tradicional.[24] O decreto registra que Ptolomeu V presenteou os templos com prata e grãos.[25] Também registra que, no oitavo ano de seu reinado, durante uma enchente do Nilo particularmente intensa, o rei represou as águas que estavam transbordando, para o bem dos fazendeiros.[25] Em troca destas concessões, o sacerdote prometia que os dias do aniversário e da coroação do rei seriam comemorados anualmente, e que todos os sacerdotes do Egito prestariam culto a ele, ao lado dos outros deuses. O decreto concluía com a instrução de que uma cópia deveria ser colocada em cada templo, inscrita na "língua dos deuses" (hieróglifos), na "língua dos documentos" (demótico) e na "língua dos gregos", que era utilizada pelo governo ptolomaico.[26][27]

Conquistar o apoio dos sacerdotes era essencial para os reis ptolomaicos conseguirem ter um domínio efetivo sobre a população egípcia. Os Sumos Sacerdotes de Mênfis - onde o rei havia sido coroado - eram particularmente importantes, na medida em que eram a mais alta autoridade da época, e tinham influência em todo o reino.[28] Como o decreto foi promulgado em Mênfis, antiga capital do Egito, e não em Alexandria - centro do governo durante todo o período dos Ptolomeus - parece evidente que o jovem rei estava ansioso em conquistar o apoio ativo destes sacerdotes.[29] Assim, embora o governo do Egito tivesse adotado oficialmente o grego desde as conquistas de Alexandre, o Grande, o decreto de Mênfis, como os dois decretos que o precederam na série, traziam textos em egípcio, como forma de mostrar sua importância para a população, através dos sacerdotes alfabetizados no egípcio.[30]

A Pedra de Roseta não foi traduzida diretamente para o português. Não existem traduções definitivas do decreto para o inglês, devido às pequenas diferenças entre os três textos originais, e porque a compreensão moderna dos idiomas antigos continua a ser desenvolvido. Uma tradução atualizada de R. S. Simpson, baseada no texto demótico, consta do site do Museu Britânico.[31] Ela pode ser comparada com a tradução completa de Edwyn R. Bevan, publicada em The House of Ptolemy (1927),[32] com base no texto grego, e com comentários em notas de rodapé sobre as diferenças entre este texto e outros dois em egípcio. A versão de Bevan se inicia assim:[nota 1]

In the reign of the young one—who has received the royalty from his father—lord of crowns, glorious, who has established Egypt, and is pious towards the gods, superior to his foes, who has restored the civilized life of men, lord of the Thirty Years' Feasts, even as Hephaistos the Great; a king, like the Sun, the great king of the upper and lower regions; offspring of the Gods Philopatores, one whom Hephaistos has approved, to whom the Sun has given the victory, the living image of Zeus, son of the Sun, Ptolemy living-for‑ever beloved of Ptah; in the ninth year, when Aëtus, son of Aëtus, was priest of Alexander ...;

The chief priests and prophets and those that enter the inner shrine for the robing of the gods, and the feather-bearers and the sacred scribes, and all the other priests ... being assembled in the temple in Memphis on this day, declared:

Since king Ptolemy, the everliving, the beloved of Ptah, the God Epiphanes Eucharistos, the son of king Ptolemy and queen Arsinoe, Gods Philopatores, has much benefited both the temples and those that dwell in them, as well as all those that are his subjects, being a god sprung from a god and goddess (like Horus, the son of Isis and Osiris, who avenged his father Osiris), and being benevolently disposed towards the gods, has dedicated to the temples revenues in money and corn, and has undertaken much outlay to bring Egypt into prosperity, and to establish the temples, and has been generous with all his own means, and of the revenues and taxes which he receives from Egypt some has wholly remitted and others has lightened, in order that the people and all the rest might be in prosperity during his reign ...;

It seemed good to the priests of all the temples in the land to increase greatly the existing honours of king Ptolemy, the everliving, the beloved of Ptah ... And a feast shall be kept for king Ptolemy, the everliving, the beloved of Ptah, the God Epiphanes Eucharistos, yearly in all the temples of the land from the first of Thoth for five days; in which they shall wear garlands, and perform sacrifices, and the other usual honours; and the priests shall be called priests of the God Epiphanes Eucharistos in addition to the names of the other gods whom they serve; and his priesthood shall be entered upon all formal documents and private individuals shall also be allowed to keep the feast and set up the aforementioned shrine, and have it in their houses, performing the customary honours at the feasts, both monthly and yearly, in order that it may be known to all that the men of Egypt magnify and honour the God Epiphanes Eucharistos the king, according to the law.

A estela quase certamente não se originou na cidade de Rashid (Roseta), onde foi encontrada, mas provavelmente veio de algum templo situado mais a interior, possivelmente na cidade real de Saís.[33] O templo do qual veio originalmente provavelmente foi fechado por volta de 392 d.C., quando o imperador romano oriental Teodósio I ordenou o fechamento de todos os templos de cultos não-cristãos.[34] Em algum ponto depois disso a estela se partiu, e a sua maior parte se tornou o que atualmente é conhecido como a Pedra de Roseta.[35] Os antigos templos egípcios foram usados como fontes de material para novas construções, e a Pedra provavelmente foi reutilizada desta maneira. Mais tarde acabou sendo incorporada às fundações de uma fortaleza construída pelo sultão mameluco Qaitbay (c. 1416, 1418–1496) para a defesa do Bolbitine, afluente do Nilo que passa por Rashid.[35] Lá ela ficou por pelo menos três séculos, até ser redescoberta.[35]

Duas outras inscrições dos decretos de Mênfis foram descobertas desde que a Pedra de Roseta foi encontrada: a Estela de Nubayrah, e uma inscrição encontrada no Templo de Filas. Ao contrário da Pedra de Roseta, suas inscrições em hieróglifos estavam relativamente intactas, e embora as inscrições da Pedra de Roseta já tivessem sido decifradas muito antes da descoberta destas outras cópias do decreto, egiptologistas posteriores, incluindo Wallis Budge, utilizaram-se destas outras incrições para compreender com maior precisão os hieróglifos que haviam sido utilizados nas partes do registro hieroglífico da Pedra de Roseta que haviam sido perdidas.[36]


Descoberta
A Pedra de Roseta no Museu Britânico (Londres)A pedra foi encontrada no Egito em agosto de 1799, por soldados do exército de Napoleão Bonaparte, particularmente por um oficial chamado Bouchard, enquanto conduziam um grupo de trabalho de engenheiros para o Forte Julien, cerca de 56 km ao leste de Alexandria.

Devido aos termos da capitulação francesa diante do Reino Unido em 1801, a pedra foi cedida às autoridades militares britânicas e depositada no Museu Britânico, onde se encontra até os nossos dias.

O bloco de pedra apresentava glifos cunhados em três partes distintas. Cada parte revelava um tipo de escrita que em nada se assemelha às demais. As três formas, constatou-se posteriormente, eram um texto em:

Hieróglifos
Demótico egípcio e
Grego clássico
O texto registra um decreto do corpo sacerdotal do Egito, reunido em Mênfis, instituído em 196 a.C., sob o reinado de Ptolemeu V Epifânio(205 a 180 a.C.), escrito em dois idiomas: Egípcio Tardio e Grego. O texto em antigo egípcio foi escrito em duas versões: hieróglifos e demótico, esta última uma variante cursiva da escrita hieroglífica.

A pedra tem 114 cm de altura, 72 cm de largura, cerca de 28 cm de espessura e pesa 760 kg. [37]

EstudosLevantava-se a hipótese de que os três textos fossem o mesmo, embora apenas o em grego pudesse ser entendido.

O conhecimento sobre a escrita em hieróglifos encontrava-se perdido desde o século IV a.C., e do demótico desde pouco depois. Desse modo, dois problemas confrontavam os acadêmicos que trabalhavam com as inscrições: saber se os hieróglifos representavam uma simbologia fonética ou apenas símbolos pictóricos, e determinar o significado das palavras individuais.

O médico britânico Thomas Young obteve um substancial progresso em 20 anos de estudo. Mas o mérito final da completa realização da tradução, em 1822, pertence ao estudioso francês Jean-François Champollion, que desta forma iniciou a ciência do estudo de assuntos referentes ao Egito, a egiptologia.

Conteúdo da Pedra de RosetaO faraó Ptolomeu V Epifânio havia concedido ao povo a isenção de uma série de impostos. Em sinal de agradecimento, os sacerdotes ergueram uma estátua de Ptolomeu V em cada templo e organizaram festividades anuais em sua honra. Para deixar registrada para sempre tal decisão, gravaram-na em várias estelas comemorativas e colocaram uma delas em cada templo importante da época. Os soldados de Napoleão encontraram uma dessas pedras. Apesar de estar mutilada, foi possível reconstituir a totalidade do texto original da estela, graças a outras cópias do decreto que foram encontradas. Ele reza:

"No decorrer do reinado do jovem que sucedeu a seu pai na realeza, Senhor dos Diademas, mui glorioso, que estabeleceu o Egito e foi piedoso perante os deuses, triunfante sobre seus inimigos e que restaurou a paz e a vida civilizada entre os homens, Senhor dos Festivais dos Trinta Anos, semelhante a Ptah, o Grande, um rei como Rá, grande rei dos países Alto e Baixo, progênie dos Deuses Filopatores, aprovado por Ptah, a quem Rá deu a vitória, imagem viva de Amum, filho de Rá, PTOLOMEU, ETERNO, AMADO DE PTAH, no nono ano, quando Aetos, filho de Aetos, era sacerdote de Alexandria e os deuses Sóteres e os deuses Adelphoi e os deuses Evergetes e os deuses Filopatores e o deus Epifânio Eucaristo; Pyrrha, filha de Philinos, sendo Athlophoros de Berenice Evergetes, Areia, filha de Diogenes, sendo Kanephoros de Arsinoe Filadelfo; Irene, filha de Ptolomeu, sendo sacerdotisa de Arsinoe Filopator; aos quatro do mes de Xandikos, de acordo com os egípcios, o 18ª de Mekhir.
O DECRETO
Estando reunidos os Sacerdotes Principais e Profetas e aqueles que adentram no templo interior para paramentar os deuses, e os Portadores de Abano e os Escribas Sagrados e todos os demais sacerdotes dos templos da terra que vieram se encontrar com o rei em Mênfis para a festa da assunção de PTOLOMEU, ETERNO, O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, o sucessor de seu pai na realeza;
estando todos reunidos no templo de Mênfis nesse dia, declaram que:
considerando que o rei PTOLOMEU, ETERNO, O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, o filho do rei Ptolomeu e da rainha Arsinoe, os deuses Filopatores, foi um benfeitor tanto do templo quanto daqueles que vivem nele, bem como de seus assuntos, sendo um deus oriundo de um deus e de uma deusa amados de Hórus, o filho de Ísis e de Osíris, que vingou seu pai Osíris, estando propiciamente inclinado em relação aos deuses, destinou à renda dos templos riquezas e milho e empreendeu muitas despesas para a prosperidade do Egito e para a manutenção dos templos e foi generoso sobretudo com seus próprios meios; e isentou alguns e abrandou para outros os impostos e taxas cobrados no Egito, para que essas pessoas e todas as demais pudessem viver em prosperidade durante seu reinado;
e considerando que ele anulou os débitos que numerosos egípcios e o restante do reino tinham com relação à coroa;
e considerando que para aqueles que estavam presos e aos que estavam sob acusação há muito tempo, ele decidiu aliviá-los das cargas que pesavam contra eles;
e considerando que ele confirmou que os deuses continuarão a viver das rendas dos templos e das dotações anuais recebidas, tanto de grãos quanto de bens, bem como das rendas destinadas aos deuses pelos vinhedos, jardins e outras propriedades que pertenciam aos deuses durante o reinado de seu pai;
e considerando que ele também decidiu, em respeito aos sacerdotes, que eles não devem, para admissão ao sacerdócio, pagar mais do que as taxas estabelecidas durante o reinado do seu pai e até o primeiro ano do seu próprio reinado; e desobrigou os membros das ordens sacerdotais da viagem anual a Alexandria;
e considerando que ele decidiu que não haverá mais nenhum recrutamento compulsório para a marinha; e que da taxa sobre tecido de linho fino pago pelos templos à coroa ele reduziu dois terços; e que qualquer que tenham sido as negligências de tempos passados, ele as corrigiu devidamente, destacando-se muito particularmente as taxas tradicionais a serem pagas apropriadamente aos deuses; e igualmente a todos ministrou justiça, como Thoth, o grande e grande; e decretou que aqueles que retornam da guerra e aqueles que foram espoliados de seus bens nas épocas de turbulência, devem, no seu retorno, ser autorizados a ocupar suas antigas propriedades;
e considerando que ele autorizou o desembolso de grande quantidade de dinheiro e grãos para enviar a cavalaria, a infantaria e a marinha contra aqueles que invadirem o Egito por mar e por terra, a fim de que os templos e todos aqueles que habitam na terra possam estar em segurança; e que tendo ido a Lycopolis, no nomo de Busirite, com um abundante arsenal e outras provisões, para constatar e dissipar o descontentamento provocado por homens ímpios que perpetraram danos aos templos e a todos os habitantes do Egito, ele a circunvalou de pequenas colinas, canais e complicadas fortificações; quando o Nilo, que habitualmente inunda as planícies, teve uma grande cheia no oitavo ano do seu reinado, ele a evitou construindo em numerosos locais desvios para os canais, por um custo irrisório, e confiando a guarda desses locais à cavalaria e à infantaria, em pouco tempo, ele tomou de assalto a cidade e matou todos os homens ímpios, tal como o fizeram Thoth e Hórus, o filho de Ísis e Osíris, em tempos passados, para subjugar os rebeldes no mesmo distrito; e como seu pai havia feito com os rebeldes que haviam molestado a terra e lesado os templos, ele veio a Mênfis para vingar seu pai e sua própria realeza e os puniu como eles mereciam; aproveitando-se de sua vinda, ele fez executar as cerimônias adequadas da sua coroação;
e considerando que ele dispensou o que era devido à coroa pelos templos até o seu oitavo ano, não exigindo sequer uma pequena quantidade de milho ou dinheiro; e que fez descontos também nas multas para os tecidos de linho fino não entregues à coroa e para os que foram entregues diminuiu as taxas pelo mesmo período; e que ele também isentou os templos do imposto de uma medida de grão para cada medida de terra sagrada e, da mesma forma, de uma jarra de vinho para cada medida de terra dos vinhedos;
e considerando que ele fez muitas oferendas a Ápis e a Mnevis e aos outros animais sagrados do Egito, pois ele é muito mais preveniente do que os reis que o precederam com relação a tudo que lhes dizia respeito; e que para seus funerais ofertou o que era conveniente com prodigalidade e fausto, e que o que foi pago aos seus santuários específicos o foi regularmente, com sacrifícios e festivais e outras observâncias costumeiras, e que ele manteve a honra dos templos do Egito de acordo com as leis; e que ornou o templo de Ápis com um rico trabalho, dispendendo com isso grande quantidade de ouro, prata e pedras preciosas;
e considerando que ele fundou templos e santuários e altares e reparou aqueles que necessitavam de reparo, tendo o espírito de um deus benfeitor no que diz respeito à religião;
e considerando que, após levantamento, ele vem reconstruindo, durante seu reinado, os mais honoráveis dos templos, como se fazia necessário;
em recompensa pelo que os deuses lhe têm dado saúde, vitória e poder, e todas as demais coisas boas, e ele e seus filhos permanecerão na prosperidade por todos os tempos.
COM FORTUNA PROPÍCIA:
Foi decidido pelos sacerdotes de todos os templos da terra aumentar grandemente as honras devidas ao Rei PTOLOMEU, ETERNO, O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, igualmente as de seus pais, os Deuses Filopatores, e as de seus ancestrais, os Grandes Evergetes e os Deuses Adelphoi e os Deuses Sóteres e colocar no local mais proeminente de cada templo uma imagem do ETERNO REI PTOLOMEU, O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, que será chamado simplesmente "PTOLOMEU, o defensor do Egito", ao lado do qual deverá permanecer o deus principal do templo, entregando-lhe a cimitarra da vitória, e tudo será fabricado segundo os usos e costumes egípcios; e que os sacerdotes prestarão homenagem às imagens três vezes por dia, e colocarão sobre elas as vestimentas sagradas, e executarão outras devoções habituais como são devidas aos demais deuses nos festivais egípcios;
e construir para o rei PTOLOMEU, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, descendente do Rei Ptolomeu e da Rainha Arsinoe, os deuses Filopatores, uma estátua e um santuário de ouro em cada um dos templos, e colocá-lo na câmara interior com os outros santuários; e nos grandes festivais nos quais os santuários são levados em procissão, o santuário do DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO será levado em procissão junto com os demais.
E para que ele possa ser facilmente reconhecido agora e para todo o sempre, deverão ser colocadas sobre o santuário dez coroas reais de ouro, às quais será acrescida uma naja, à semelhança de todas as coroas ornadas com najas que estão sobre os demais santuários, no centro da coroa dupla que ele usava quando adentrou o templo de Mênfis para realizar as cerimônias de sua coroação; e na superfície que rodeia as coroas, ao lado da coroa acima mencionada, deverão ser colocados símbolos de ouro, em número de oito, significando que esse é o santuário do rei que uniu os países Alto e Baixo. E como o aniversário do rei é celebrado no 30º dia de Mesore e como também se celebra o 17º dia de Paophi, dia em que ele sucedeu a seu pai, esses dias foram considerados como dias de devoção nos templos, pois eles são fontes de grandes bençãos para todos;
e foi decretado ainda mais que um festival terá lugar nos templos por todo o Egito nesses dias de cada mês, acompanhados de sacrifícios e libações e todas as cerimônias costumeiras dos outros festivais e oferendas serão feitas aos sacerdotes que servem nos templos. E um festival terá lugar em honra do Rei PTOLOMEU, ETERNO, O BEM AMADO DE PTAH, O DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, anualmente, nos templos por todos os cantos da terra no 1º dia de Thoth durante cinco dias, durante os quais eles usarão guirlandas e executarão sacrifícios e libações e outros sacramentos habituais, e os sacerdotes de cada templo serão chamados os sacerdotes do DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO e mais os nomes dos outros deuses que eles servem; e seu sacerdócio será inscrito sobre todos os documentos oficiais e será gravado nos anéis que eles usam;
e os particulares serão também autorizados a assistir os festivais e a instalar o santuário supra-mencionado em suas casas; executar as celebrações supra-mencionadas anualmente, a fim de que todos e cada um possa saber que os homens do Egito exaltam e honram o DEUS EPIFÂNIO EUCARISTO, o rei, de acordo com a lei.
Este decreto será inscrito sobre uma estela de pedra nos caracteres sagrados e nativos e gregos e será erigida em cada um dos templos de primeiro, segundo e terceiro graus, ao lado da imagem do Rei Eterno

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Shaduf O que é?

O Shaduf O Shaduf O Shaduf O Shaduf O Shaduf O Shaduf O Shaduf O Shaduf O Shaduf O Shaduf O Shaduf



Os egípcios gostavam imensamente de cultivar jardins. Seja na cidade ou no campo, os proprietários empenhavam-se em possuir uma área bem cuidada onde produziam frutas e legumes. A horta era dividida em áreas quadrangulares. Regos que se cortavam perpendicularmente separavam os quadrados. Até o Império Médio tais regos eram enchidos por meio de jarras redondas de cerâmica, o que significava um considerável trabalho. A invenção do shaduf representou extraordinário progresso.
Pierre Montet assim descreve o artefato: Cravava-se na terra, à beira da água, um grosso pilar vertical mais ou menos duas vezes mais alto do que um homem. Uma árvore em forcado podia servir também, se se encontrasse em bom sítio. Instalavam nesse tronco uma vara comprida de modo a que pudesse oscilar nos dois sentidos. Na extremidade mais grossa da vara estava encavada uma grande pedra. Um recipiente de tela, ou de cerâmica, encontrava-se suspenso da extremidade mais fina por uma corda. O homem fazia descer a corda para encher o recipiente e depois erguia-o, despejava-o num rego e recomeçava.

Sabe-se de casos de jardins nos quais até quatro shadufs funcionavam ao mesmo tempo. Tais máquinas primitivas tinham bom rendimento, tanto é assim que foram empregadas sempre, inclusive nos dias atuais. Ao que parece, no Império Novo seu uso era reservado à irrigação dos jardins e não para os trabalhos nos campos.

A ilustração acima é uma aquarela feita a partir de uma pintura mural, hoje destruída, de um túmulo em Tebas. À esquerda vê-se a casa do proprietário, com degraus dando acesso ao pórtico.