sábado, 26 de março de 2011

Japão / Atualidades

O Japão Pós-Guerra (1945…)
Ao final da II Guerra Mundial, o Japão estava devastado. Todas as grandes cidades (exceto Kyoto), as indústrias e as linhas de transporte foram severamente danificadas. As sobras da máquina de guerra japonesa foram destruídas. Cerca de 500 oficiais militares cometeram suicídio logo após a rendição incondicional, e centenas de outros foram executados por cometerem crimes de guerra.
O país perdeu todos os territórios conquistados desde 1894. As ilhas Ryukyu, incluindo Okinawa, foram controladas pelos Estados Unidos, enquanto que as ilhas Kurile, ao norte, foram ocupadas pela União Soviética. A escassez de suprimentos continuou ainda por vários anos. Afinal, a população havia crescido mais que 2,4 vezes em relação ao começo do período Meiji, contando com 85 milhões de pessoas.
O Japão permaneceu ocupado pelos Aliados por quase sete anos após a sua rendição. As autoridades de ocupação, lideradas pelos Estados Unidos, representados pelo general Mac Arthur, empreenderam diversas reformas políticas e sociais e proclamaram uma nova constituição em 1947, que negava ao estado o direito de reconstruir uma força militar e resolver impasses internacionais através da guerra.
As mulheres ganharam o direito de votar e os trabalhadores, de se organizarem e fazerem greves.
Pela nova constituição, o imperador perde todo o seu poder político e militar, passando a ser considerado meramente um símbolo do estado. O sistema de aristocracia foi abolido e em seu lugar entrou em vigor uma espécie de monarquia constitucional sob o controle de um parlamento. O primeiro ministro, chefe do executivo, deveria ser escolhido pelos membros da Dieta.
As relações exteriores, completamente interrompidas durante o período de ocupação americana, só foram retomadas a partir de 1951. Nesse ano o Japão assina o Tratado de São Francisco, que lhe dá o direito de resolver seus assuntos estrangeiros e lhe devolve a soberania. Todavia, o veto à manutenção de um exército é mantido. Além disso, o Japão é obrigado a pagar indenizações aos países vizinhos agredidos por ele durante a guerra.
A reabilitação econômica do país torna-se uma das maiores preocupações do povo e dos líderes japoneses a partir daí. Com o apoio dos Estados Unidos e de outros países, o Japão integra-se a várias organizações internacionais.
Inicialmente houve um período de instabilidade, mas com a Guerra da Coréia (1950-1953) o Japão tem a oportunidade de reconstruir sua economia nacional. Na década de 60, com o apoio dos acordos comerciais, o Japão torna-se uma das principais potências econômicas e políticas, suficientemente forte para competir com as maiores potências mundiais.
Com a Guerra Fria, os EUA posicionam mais tropas no Japão e estimulam a perseguição aos comunistas e a criação de forças para autodefesa. Essas idéias foram bem-vindas pelos conservadores, mas causaram protestos e insatisfação das classes populares, dos comunistas e socialistas.
Em 1969 os americanos abandonam cerca de 50 bases militares lá instaladas, devolvendo Okinawa três anos mais tarde. O Japão foi admito à ONU em 1956, e em 1960 renova tratados com os EUA. No mesmo ano as reparações aos países vizinhos são todas pagas. As Olimpíadas de Tóquio, em 1964, representam uma nova esperança para o povo japonês; no ano seguinte são estabelecidas relações formais com a Coréia. As desgastadas relações diplomáticas com a China são normalizadas em 1972. A partir de 1975, o país passa a integrar as conferências anuais com os sete países mais industrializados do planeta.
Em 1973 a crise do óleo abala a economia japonesa, que sofre um afrouxamento na expansão econômica e uma crise monetária. O primeiro ministro Kakuei Tanaka declara então “estado de urgência” para combater a crise. A reação da economia, tão dependente do óleo, foi o fortalecimento das indústrias de alta tecnologia.
A recuperação diplomática e econômica do país foi bastante auxiliada pela dominação no parlamento do conservador Partido Liberal Democrático (PLD), que dura até hoje.
A partir do começo da década de 90 o Japão firma-se como a segunda maior potência econômica mundial, acumulando saldos gigantescos no comércio exterior, principalmente nas relações comerciais com os Estados Unidos.

Atualidades / Líbia

Ensino Médio

Revoltas árabes
Gaddafi pode ser o próximo a cair
José Renato Salatiel*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
Atualizado 02/03/2011, às 8h22

Muammar Gaddafi é considerado o pior ditador no mundo árabe. Ele está há 41 anos no poder – é o mais longevo entre os governantes – e não hesitou em usar as Forças Armadas para reprimir protestos, que são proibidos na Líbia.

Direto ao ponto: Ficha-resumo

Agora, cada vez mais isolado, ele pode ser o próximo líder mulçumano a deixar o cargo por conta das manifestações pró-democracia que se espalharam pela África do Norte e o Oriente Médio. O movimento já derrubou dois presidentes, da Tunísia e do Egito, em menos de dois meses.

A queda de ditadores é algo inédito na história da região. Os países árabes são governados por monarquias ou ditaduras. O aumento no preço dos alimentos, o desemprego e a insatisfação dos jovens deram início às revoltas por abertura política. Os levantes chegaram a Bahrein, Marrocos, Iêmen, Jordânia, Irã e Arábia Saudita.

Na Líbia, o governo reagiu com violência. Quase 300 pessoas morreram em conflitos com forças de segurança desde o dia 16 de fevereiro. O ditador líbio chegou a usar aviões e tanques contra as multidões.

Os protestos começaram após a prisão de um advogado ligado à causa dos Direitos Humanos. O maior foco dos distúrbios é Benghazi, segunda maior cidade, localizada na região leste.

A cada dia a situação fica mais difícil para Gaddafi. Dentro do país, os revoltosos assumiram o controle de cidades no leste. Na região nordeste, militares aderiram à "revolução do povo". No exterior, a pressão diplomática é a cada vez maior para que ele deixe o poder.

Em um pronunciamento raivoso na TV, em 21 de fevereiro, o líder líbio, de 68 anos, desafiou os revoltosos e disse que iria “morrer como um mártir”. Antes, seu filho Saif al-Islam advertiu para o risco de guerra civil.

No dia 22 de fevereiro, o Conselho de Segurança da ONU condenou o uso da violência contra manifestantes na Líbia e pediu a responsabilização dos culpados. A decisão deve ser seguida se novos embargos contra o regime.


Petróleo
A Líbia é um país rico em petróleo. É o quarto maior produtor da África, depois da Nigéria, Argélia e Angola, com reservas estimadas em 42 bilhões de barris (para efeito de comparação, as reservas brasileiras são de 14 bilhões de barris). A maior parte da produção é exportada para a Europa.

O país, de 6,4 milhões de habitantes (equivalente à população do Rio de Janeiro), tem ainda o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África. A riqueza, porém, não é bem distribuída entre a população. A despeito das melhorias em relação ao período anterior à Gaddafi, um terço vive na pobreza e a taxa de desemprego é de cerca de 30%. Esse é um dos principais motivos dos protestos.

A Líbia foi província romana, domínio do Império Otomano e colônia italiana. Após a Segunda Guerra Mundial, o território foi repartido entre a França e o Reino Unido. Em 1º de janeiro de 1952, a ONU aprovou a independência, reunindo os territórios no Reino Unido da Líbia. O emir Sayyid Idris al-Sanusi foi coroado rei Idris I, primeiro e único monarca a governar a nação.

Nos anos seguintes, Estados Unidos e Reino Unido instalaram bases militares em solo libanês. Mas a descoberta de petróleo levou o governo a pedir a retirada das tropas estrangeiras. O minério também mudou o perfil econômico e social do país, que até então era um dos mais pobres do continente africano.

Um golpe de Estado depôs a monarquia em 1º de setembro de 1969, sem derramamento de sangue. Gaddafi, com apenas 27 anos, assumiu o comando. Até hoje, a Líbia não tem Constituição ou partidos políticos, e a oposição é proibida.

Nas décadas seguintes, o ditador se tornou inimigo do Ocidente, comparável ao iraquiano Saddam Hussein. Nos últimos anos, entretanto, conseguiu se reaproximar das potências ocidentais.


Terrorismo
Gaddafi ficou conhecido pelo jeito extravagante de se vestir, os discursos incoerentes e a habilidade diplomática. Nos anos 1980, foi monitorado pelos serviços de inteligência por ligações com grupos terroristas.

O governo da Líbia foi responsabilizado por atentados na Europa e no Oriente Médio. O mais conhecido foi o ataque à bomba no voo da Pan Am sobre Lockerbie, na Escócia, que matou 270 pessoas em 1988.

Dois anos antes, em 1986, o ex-presidente americano Ronald Reagan (que chamou Gaddafi de "cachorro louco”) autorizou um ataque aéreo à capital Trípoli. A investida ocorreu em represália a um atentado contra uma discoteca em Berlim Ocidental, que matou dois militares americanos. Entre os mortos no ataque à Trípoli estava a filha adotiva de Gaddafi.

Depois do 11 de Setembro, Gaddafi passou a colaborar com os americanos na guerra contra o terrorismo. Em 2003, ele assumiu a autoria do atentado de Lockerbie e pagou uma indenização bilionária às famílias das vítimas.

A estratégia visava suspender as sanções impostas pela ONU. Deu certo. Nos últimos anos, Trípoli reatou legações diplomáticas e comerciais com a Europa e dos Estados Unidos, atraindo investidores estrangeiros. A crise atual mudou o panorama. Os governos ocidentais agora pedem a saída do ditador e fazem a retirada em massa de estrangeiros.


Direto ao ponto
Os protestos pró-democracia que se espalharam pelo mundo árabe ameaçam agora derrubar o ditador líbio Muammar Gaddafi. Quase 300 pessoas já morreram desde o início das manifestações na Líbia. Gaddafi, porém, está cada vez mais isolado. Ele enfrenta deserções em seu Exército e a pressão internacional para que deixe o cargo, que ocupa há 41 anos.

No último dia 22 de fevereiro, o Conselho de Segurança da ONU condenou o uso da violência contra os líbios. Em pronunciamento na TV, Gaddafi disse que “morreria como um mártir”, e ameaçou reprimir os manifestantes.

A Líbia é o quarto maior produtor de petróleo na África e tem o maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do continente. A riqueza, contudo, não é bem distribuída entre a população.

Gaddafi chegou ao poder em 1969 por meio de um golpe de Estado. Nos anos 1980, financiou grupos terroristas, sofreu bombardeio americano e sanções da ONU. Na última década, se reaproximou dos Estados Unidos e da Europa. A atual crise no país mudou a situação favorável do país junto ao Ocidente.

As revoltas árabes já derrubaram dois presidentes – na Tunísia e no Egito – e chegaram à Bahrein, Marrocos, Iêmen, Jordânia, Irã e Arábia Saudita

A Primeira Guerra Mundial /

Todos os países participaram? Quem venceu?


Nem todos os países participaram da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), mas as principais potências da época estiveram envolvidas. A maioria dos principais países envolvidas na Primeira Guerra era do continente europeu. As batalhas mais importantes também se desenrolaram na Europa. Países de outros continentes também acabaram participando da guerra, mas se envolveram em função do que estava acontecendo na Europa. Entre os países não-europeus que participaram da guerra estavam os Estados Unidos e o Japão (que foram aliados na Primeira Guerra e inimigos na Segunda Guerra).

Quando a Primeira Guerra começou, quem detinha maior influência mundial era a Europa (especialmente a Inglaterra) e não os Estados Unidos, como acontece nos dias de hoje. Vale lembrar que, desde o início da guerra, a Inglaterra recebeu o apoio de outros países de língua inglesa localizados fora da Europa (com exceção dos Estados Unidos que entrou mais tarde), como o Canadá, na América do Norte, a Austrália e a Nova Zelândia, esses últimos localizados na Oceania.

"Aliados, avante à vitória", diz o cartaz de 1914


O Brasil participou da Primeira Guerra?
O Brasil chegou a declarar guerra à Alemanha em 27 de outubro de 1917, meses após navios mercantes brasileiros serem afundados por submarinos alemães. Antes disso, o poeta Olavo Bilac fundou a Liga de Defesa Nacional, organização que defendia a entrada do Brasil na guerra e a implantação do serviço militar obrigatório. A marinha brasileira organizou uma esquadra para patrulhar o Atlântico, que em agosto de 1918 partiu da ilha de Fernando de Noronha rumo à África. Mas, já em Dacar, no Senegal, 156 tripulantes foram mortos pela chamada gripe espanhola, verdadeira epidemia que assolou o mundo naquela época, matando milhares de pessoas.

Em 10 de novembro, a esquadra chegou a Gibraltar, e no dia seguinte foi informada do fim da guerra. O Brasil também enviou uma equipe médica que prestou ajuda na França. A participação do Brasil na Primeira Guerra foi muito reduzida, ao contrário do que viria a acontecer na Segunda Guerra, em que o país teve uma participação bem mais atuante. Para a economia brasileira, a Primeira Guerra representou um período de crescimento: houve aumento das exportações brasileiras de matérias-primas e um crescimento das indústrias (numa época em que a maioria dos brasileiros ainda vivia no campo e não na cidade).


O que a Primeira Guerra tinha de diferente das guerras anteriores?
Antes de tudo, vale lembrar que "Grande Guerra" foi o nome dado ao conflito pelas pessoas que a viveram. O nome "Primeira Guerra Mundial" só surgiu com a Segunda Guerra Mundial, que envolveu um número de países maior do que a Primeira. Uma das grandes diferenças em relação às guerras anteriores foi ouso de novas armas que aumentaram em muito em capacidade de destruição: metralhadoras, gases venenosos, aviões e submarinos. Um único soldado armado com uma metralhadora podia matar a distância mais homens do que vários soldados armados com baionetas.

Os alemães foram os primeiros a utilizar armas químicas, entre as quais, estava o gás mostarda que asfixiava as vítimas e tinha grande poder de corrosão. Para se proteger dos ataques dessas armas químicas, os soldados ingleses foram os primeiros a usar máscaras de proteção. No início, os aviões eram usados apenas para observação e espionagem, mas logo passaram a ser usados também para ataques aéreos.

Os submarinos foram bastante utilizados pela marinha alemã para afundar tanto navios inimigos quanto navios mercantes de nações neutras que comerciavam com os países inimigos da Alemanha. Com essas novas armas, a cavalaria que era o orgulho dos exércitos, tornou-se praticamente obsoleta.

O número de baixas (mortos e feridos) na Primeira Guerra Mundial foi muito superior ao de guerras anteriores. Enquanto a Guerra franco-Prussiana (1870-1871) teve uma média estimada de quase novecentas baixas por dia, a Primeira Guerra Mundial teve uma média de pouco mais de cinco mil e quinhentas baixas por dia. Tudo isso contribuiu para acabar com a imagem romântica e heróica que muita gente tinha da guerra.


Quem venceu a Primeira Guerra?
Talvez, fosse mais adequado perguntarmos se houve vencedores. Não há dúvidas que a Alemanha foi a grande derrotada na Primeira Guerra. Quando a guerra acabou, Inglaterra, França e seus aliados foram aparentemente os grandes vencedores. Mas se considerarmos as condições em que a guerra terminou e o fato de que os tratados de paz firmados após o final do conflito não evitaram uma nova guerra (a Segunda Guerra Mundial), podemos afirmar que a médio e longo prazo todos acabaram perdendo.


O que foi o Tratado de Versalhes?
O Tratado de Versalhes, firmado em 1919, impôs duras condições à Alemanha, que foi obrigada a pagar altas indenizações à França. A própria escolha do local onde foi assinado o tratado era um indício do desejo de vingança dos franceses em relação aos alemães: a Sala dos Espelhos do Palácio de Versalhes, em Paris, o mesmo em que Bismarck, o responsável pela unificação da Alemanha, havia proclamado em 1871 o Segundo Reich (Segundo Império) alemão, após a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana. Entre os vencedores, a França foi a principal responsável pelo Tratado de Versalhes. A própria Inglaterra chegou mesmo a defender a revisão do tratado, para aliviar as condições impostas à Alemanha. Os Estados Unidos não ratificaram o tratado.

Vários militares alemães jamais reconheceram a derrota alemã e sentiram-se traídos pelas condições impostas no Tratado de Versalhes. Na visão desses militares alemães, como a guerra havia acabado com um armistício, isto é uma trégua, era impossível reconhecer a derrota. Os italianos também sentiram-se traídos, porque apesar de terem lutado do lado dos vencedores, a Itália não recebeu os novos territórios prometidos. Esses ressentimentos iriam favorecer o surgimento de duas ditaduras: na Itália, o fascismo de Benito Mussolini, na Alemanha, o nazismo de Hitler. Uma nova guerra estava a caminho...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Conquista da América / Todorov Tzvetan

Montezuma e os signos. Aqui o autor trabalha um ponto interessantíssimo: a linguagem dos povos pré-colombianos, o caráter interpretativo de seu universo linguístico e simbólico bastante elaborado. Com isso, põe-se em dúvida o argumento de inferioridade da população americana em relação aos conquistadores.

Esse jogo interpretativo das mensagens e da linguagem se manifesta em duas formas: interpretação pré-estabelecida obtida a partir do dia do calendário; e acontecimento incomum que será compreendido como presságio (geralmente nefasto). Nada acontece por acaso, o novo tem sempre que vir antecipado por um presságio,para ser encaixado na ordem; explicado e compreendido. O mundo do homem pré-colombiano é super-determinado.

A decodificação das mensagens, a comunicação com o mundo através de indícios e presságios predominava na vida dos índios. No entanto, é reservado um lugar para o reconhecimento do fato em si, que se daria por uma coleta de informações. Exemplifica com a rede de informações de Montezuma para manter-se informado sobre as posições dos espanhóis.

Entretanto, mesmo essa rede de coleta de informações não pertence exclusivamente ao domínio da comunicação inter-humana. Montezuma se recusa a comunicar-se com Cortez, fica mudo como morto. Por trás dessa recusa há o reconhecimento de um mau presságio. Para resolver o problema da chegada dos espanhois, Montezuma se utiliza de informações que recebe, logo dos fatos, mas em maior grau da correspondência que travava com os deuses para discernir sobre qual seria seu comportamento.

O imperador abala-se diante dos espanhóis, fica inerte. Segundo Todorov, isto se deve a divergência linguística e representativa a nível de visão de mundo entre duas partes. Com os outros povos da América, Montezuma era capaz de estabelecer uma comunicação mais inter-humana, além de usar seu sistema de previsão. Em relação aos espanhois,ocorre uma discrepância na comunicação,uma imprevisibilidade de suas atitudes,tudo decorrente da diferença entre os dois mundos.

A confirmação dessa visão de mundo dos indígenas pode ser apreendida nos relatos posteriores a conquista, onde justificam e entendem sua derrota como pré-determinada pelos maus presságios que antecederam a vinda dos espanhóis. Tudo leva a crer, que esses presságios contidos nesses relatos pós-conquista foram inventados a posteriori. Servindo, portanto, para enquadrar a derrota em seu sistema temporal, histórico. De acordo com essa visão de mundo (em que se privilegia a comunicação homem/mundo) o índio cria uma imagem deformada do espanhol, não percebe a identidade humana do outro, despreza os povos mais distantes (os diferentes) por achá-los inferiores.

Essa primeira reação do índio ao encontro com o espanhol, não durará muito, mas o suficiente para marcar a submissão da América a Europa. Todorov tem uma hipótese para a derradeira vitória dos espanhóis sobre os índios da América: a incontestável superioridade daqueles na comunicação inter-humana. A vitória dessa perspectiva significou um recalque na capacidade do homem moderno de desenvolver uma comunicação com o mundo.

Todorov justifica-se apresentando Cortez como uma personagem histórica interessada antes em compreender, informar-se. Daí procurar um intérprete para garantira compreensão da língua e assim reunir informações. “A conquista da informação leva a conquista do reino”. Após o período de compreensão, coleta de informações, segue-se a fase de construção de discursos, de símbolos para uma melhor manipulação das informações recebidas através dos informantes de Montezuma, o que servirá para confundí-lo e ao mesmo tempo, para legitimar Cortez como no plano do imaginário indígena. Nisto Cortez trabalha habilmente, tem o dom da retórica: “...sabia conquistar a atenção dos caciques com boas palavras” e de seus homens: “às vezes o capitão nos dirigia belíssimos discursos”. Essa capacidade de Cortez em assimilar e saber utilizar atinge o ápice quando consegue estabelecer uma relação de identidade entre o mito de Quetzalcoatl e Carlos V, posteriormente consigo mesmo. A partir daí, está garantida uma legitimidade junto aos índios e mais, uma justificativa para eles da derrota, ou seja, essa força da correlação com o mito automaticamente, enquadra a chegada do homem branco no universo do indígena americano.

A conquista significou para os povos da América a preeminência do comportamento individual sobe o social; e para os europeus valeu para a constatação a utilidade pratica da língua num momento de embate entre duas culturas.

Tratado de Tordesilhas

Tordesilhas: o tratado que garantiu as pretensões coloniais portuguesas.

Em 1492, o navegador genovês Cristóvão Colombo realizou uma das maiores descobertas realizadas no período das grandes navegações. Financiado pelos recursos da Coroa Espanhola, esse navegador anunciou a descoberta de terras a oeste. Tal feito acabou inserindo o reino espanhol no processo de expansão marítimo-comercial que, desde o início daquele século, já havia propiciado significativas conquistas para o Império Português ao longo de todo século XV.

Com a ascensão dos espanhóis na exploração de novas terras, o clima de disputa com os portugueses se acirrou. Para que um conflito de maiores proporções fosse evitado, o papa Alexandre VI foi convocado para negociar os limites de exploração colonial entre essas duas potências européias. Inicialmente, Portugal buscava garantir seu monopólio na costa africana e a Espanha preocupava-se em legitimar a exploração nas terras localizadas a oeste.

No ano de 1493, o papa então anunciou a assinatura da Bula Inter Coetera, que fixava uma linha imaginária a 100 léguas da Ilha de Açores. No entanto, no ano seguinte, o rei português Dom João II exigiu a revisão desse primeiro acordo, que não satisfazia os interesses lusitanos. Segundo alguns historiadores, essa mudança de idéia era um forte indício de que os portugueses tinham conhecimento de outras terras localizadas na porção sul do novo continente descoberto pelos espanhóis. Séculos mais tarde, documentos explicariam essa “repentina” mudança de idéia dos lusitanos.

Buscando evitar o desgaste de um conflito militar, os espanhóis aceitaram a revisão dos acordos com uma nova intermediação do papa. Com isso, o Tratado de Tordesilhas foi assinado em junho de 1494. Nesse novo acerto ficava estabelecida a demarcação de um novo meridiano localizado a 370 léguas a oeste da ilha de Cabo Verde. Os territórios a oeste seriam explorados pelos espanhóis; e as terras a leste deveriam ser controladas pelos lusitanos. Dessa forma, o novo acordo assegurou a exploração lusitana em parte dos territórios que hoje compõem o Brasil.

Pouco tempo depois, as determinações desse tratado seriam questionadas pelas outras nações européias que iniciavam seu processo de expansão marítima. Diversos monarcas não aceitavam o fato de a divisão ter se restringido aos países ibéricos. Os franceses, por exemplo, passaram a organizar expedições marítimas para o Brasil em sinal do não-reconhecimento do tratado. As nações que protestaram contra, na verdade, reivindicavam o princípio de posse útil da terra para legitimar a exploração colonial.

Mediante tal proposta, os portugueses se viram forçados a intensificar os mecanismos de controle e dominação sobre seus territórios. A partir de 1530, Portugal enviou Martinho Afonso para as terras brasileiras, com o objetivo de fundar o primeiro centro de exploração colonial. Em contrapartida, expedições inglesas e francesas buscaram terras na região norte do continente americano.

Conquista da América

Quando falamos em conquista estamos falando em dominação, em poder do superior para o inferior, e é isto mesmo que aconteceu com os povos da América no século XV pelos europeus, ou seja, a Coroa Portuguesa e a Coroa Espanhola no sistema mercantilista onde a acumulação de capital seria pela balança favorável de riquezas pertencidas ao seu território. Quem saiu na frente nesta empreitada foi à Espanha com Cristóvão Colombo que foi no rumo Oeste para chegar às Índias, mas só que chegou à cidade de São Domingos pensando que tivesse chegado às Índias chamou todos os habitantes de índios. Só que o grande objetivo de Portugal e a Espanha eram obter riquezas (lucros) para seus Estados Nacionais em formação. Os espanhóis chegando à América Central mataram grandes civilizações culturais como os maias, os incas e os astecas. Como estes povos eram muito religiosos acreditavam nas suas lendas, por exemplo, que um dia iria descer dos céus o deus sentado no viado e bem no tempo que os povos astecas estavam esperando apareceu o conquistador Cortez que foi interpretado com um deus, então a profecia estava sendo concretizada e a conquista se tornou verdade. Estes povos, os maias, os astecas e os incas lutaram até a morte mesmo tendo armas menos sofisticadas e muitos morreram pelas doenças trazidas pelos europeus com sarampo, gripe e outras epidemias. A Espanha obteve riquezas com estes povos, mas só que lutou bastante. Já Portugal com a mesma idéia de conquistar às Índias pela África demorou mais a obter riquezas. Portugal lutou com povos menos guerreiros então não se desgastou tanto na luta pela conquista como a Espanha que lutava com povos de grandes civilizações americanas. O rei de Portugal primeiramente pensou em conquistas feitorias na África e o seu filho o infante D. Henrique, que foi na expedição pelas terras africanas, buscou conhecimentos marítimos e trouxe para Portugal e fundou a 1ª escola marítima a chamada “Escola de Sagres”. Isto aprimorou os conhecimentos portugueses sobre o mar e invenções como a bússola, a caravela e outros foram instrumentos de grande valia na conquista da América pelos portugueses. Os reis de Portugal investiram na frota de Pedro Álvares Cabral, pois ele encantado pelas histórias de Marco Pólo que contava em seus livros sobre a riqueza do Oriente, queria chegar às Índias contornando o sul da África, mas só que quando a expedição foi se afastando cada vez mais da África e se aproximando da costa do Bahia, mais especificamente em Porto Seguro. Portugal, no primeiro momento, não ligou muito para estas terras porque não obteria lucro fácil. O lucro adveio do pau-brasil que era um tipo de tintura para roupas. Como o comércio com o Oriente estava ficando com alto custo e muitos corsários europeus se aproximavam do Brasil e com medo de perder território a Coroa Portuguesa preferia investir no Brasil e a idéia foi o sistema de plantation que eram grandes áreas de plantação e a mão – de- obra seria escrava e assim estariam implantadas as colônias de exploração no Brasil. Bem diferente da América do Norte que foi uma colônia de povoamento e produzia mais produtos com a mão-de-obra livre.