domingo, 29 de maio de 2011

A fabricação do rei

A contrução da imagem pública do rei -


Dizia Montesquieu que "o esplendor que envolve o rei é parte capital de sua própria pujança". Mais do que um elogio, a consideração sintetiza particularidades da monarquia, ou mesmo, a dimensão simbólica presente em qualquer tipo de poder público e político. Com efeito, se é só a realeza que introduz o ritual em meio à sua lógica formal e no corpo da lei, pode-se dizer, porém, que não há sistema político que abra mão do aparato cênico, que se conforma tal qual um teatro; uma grande representação.

Seguindo essas pistas, Marc Bloch, em ensaio pioneiro sobre as mentalidades, datado de 1924, analisava o fenômeno do toque real — o caráter maravilhoso dos reis taumaturgos —, demonstrando como se devia atentar antes para a expectativa coletiva do milagre, do que para o milagre em si.

Norbert Elias, por outro lado, acentuou a importância da etiqueta no interior do Antigo Regime, encontrando uma lógica que nada tinha a ver com o mero adereço, ou com a idéia da existência de vogas aristocráticas luxuosas e sem sentido. Na verdade, não foram poucos os autores que, partindo de eixos e perspectivas diversas, destacaram a relevância do ritual na efetivação do poder, no caso monárquico. Autores como Starobinski, com a análise dos símbolos da realeza, Kantorovicz, com a demonstração do corpo duplo do rei, e ainda C. Geertz, que em Negara demonstrou como em Bali não existiam cisões entre realidade e representação, revelaram as potencialidades do tema e os vínculos entre lógica racional e lógica simbólica.

Na verdade, essas e outras obras têm destacado, a partir de ângulos diversos, como as vestes, os objetos, a ostentação e os rituais próprios da monarquia são parte essencial desse regime, constituem sua representação pública e, no limite, garantem sua eficácia. Como diz o dito popular "rei que é rei não perde a realeza" e se a perde — digamos assim — é cada vez menos rei.

É dessa figura pública, conscientemente construída, que trata o livro A fabricação do rei, de Peter Burke. Seu objeto formal é a famosa personagem de Luis XIV, o Rei-Sol, que reinou durante 72 anos e se transformou quase em um emblema da monarquia absoluta européia, tão marcada pelo luxo e por demonstrações de riqueza. A esse soberano atribui-se a "domesticação da nobreza" a partir da invenção, a um só tempo, da propaganda, da etiqueta e da corte. Claro que todas essas realidades existiam antes de Luis XIV, mas é com esse rei que mudam de lugar e de patamar. Os costumes são regulados, a vida fica, para esse estamento, mais pacífica e prazerosa tendo a corte como centro.

Mas Burke faz mais do que só retomar essas teses, já muito tratadas pela historiografia, sobretudo, européia. A novidade está em integrar todos esses elementos e mostrar como os monarcas foram os inventores do "marketing político" e que nesse sentido fizeram escola. No centro de sua análise está a noção de estratégia, na qual a propaganda surge como meio de assegurar a submissão ou o assentimento a um poder. Com esse monarca a glória, a vitória , o prestígio e a grandeza transformam-se em imagens suficientemente fortes para garantir a estabilidade do reino e imaginar sua permanência futura. É por isso mesmo que Burke revela-se mais preocupado com a interpretação do que com o acontecimento, procura o "mito" que envolve o rei e não tanto sua "realidade", privilegia a imagem em detrimento do homem. O resultado é um Luis XIV envolto por biógrafos, artistas, artesãos, alfaiates, escultores, cientistas, poetas, escritores e historiadores; todos unidos em torno de um só propósito: fazer do rei um exemplo, um símbolo público da glória; uma representação fiel de Deus na terra.

Elaborada tal qual um grande teatro, um teatro do Estado, a atuação do rei se transforma em performance; os seus trajes viram fantasia. Na verdade, esculpida de maneira cuidadosa, a figura do rei corresponde aos quesitos estéticos necessários à construção da "coisa pública". Saltos altos para garantir um olhar acima dos demais, perucas logo ao levantar, vestes magníficas mesmo nos locais da intimidade; enfim, trata-se de projetar a imagem de um homem público, caracterizado pela ausência de espaços privados de convivência. Tal qual um evento multimídia, o rei estará presente em todos os lugares, será cantado em verso e prosa, retratado nos afrescos e alegorias, recriado como um Deus nas estátuas e tapeçarias.

Senhor de um ritual cujo controle é por princípio impecável, o monarca transforma seu exercício diário numa grande dramatização, equilibrando-se no poder por meio da concessão alargada e programada de títulos, medalhas e privilégios. Dádivas que carregam a imagem do líder, esses rituais de consagração da monarquia acabam ajudando a cultuar e estender a própria personalidade do rei, que dessa forma paira muito acima de seus súditos.

Exemplo radical do exercício e da manipulação simbólica do poder, a realeza evidencia, com sua etiqueta, a importância do ritual na construção da imagem pública. A monarquia é, nesse sentido, um bom pretexto para a discussão dos vínculos entre política e manipulação do imaginário simbólico, ou mesmo para a verificação de como política se faz com a lógica da "razão prática", mas também, com a força de persuasão da "razão simbólica". Afinal, foi Pascal quem concluiu que "as cordas que atribuem o respeito a este ou àquele em particular, são as cordas da imaginação". Prática de alguma forma datada, o ritual suntuoso da monarquia deixa ainda mais evidente como a propaganda e a política mantiveram sempre relações de profunda e estreita afinidade. Mas nada como terminar com uma boa provocação. Resta refletir acerca não só da lógica desses processos abertamente manipulados, mas sobre a releitura desse mesma publicitação da imagem do governante. Se Peter Burke equaciona e descreve, de forma detalhada, os mecanismos conscientes de construção da figura do rei, escapa-lhe a compreensão da dimensão mais sacralizada dessa representação, que dialoga não só com o contexto imediato, mas também reitera uma viagem mais longa, rumo à "longa duração".

Nesse itinerário escapa a intencionalidade e fica a reelaboração de códigos, valores e, sobretudo, cosmologias, como diz Marshall Sahlins a respeito do encontro entre havaianos e ingleses no contexto colonial. Assim como o Capitão Cook não morria, apenas, como um viajante ocidental, mas como "um lôno burguês"; também na releitura de Luis XIV são muitas as possibilidades de interpretação. Se a leitura sob o viés da elite permite prever a glorificação do monarca e a dimensão política da manipulação da nobreza, seria possível, porém, analisar com mais cuidado como o imaginário pode ser objeto de controle, mas de que maneira, muitas vezes esse, simplesmente, lhe escapa.

Na obra de Burke as visões da corte acerca da monarquia estão todas presentes e retratadas, mas não se nota qual é a fonte em que se nutre esse mesmo imaginário. Afinal, quando uma propaganda é, de fato, eficiente, ela faz sentido para aqueles que a criam, mas, também, para os elementos que se constituem em seu foco virtual. Estamos falando do imaginário popular que surge como "produto e produção" nesse processo de invenção do rei? Dessa maneira, se é possível ver, sob essa fresta, o uso estratégico da realeza, passam ao largo, nesse livro, os mecanismos que revelam como se mantém e se aguça a leitura divina do corpo do rei. Nesse caso as respostas não estarão, com certeza, restritas ao circuito da corte.

Nesse sentido, é bom que se diga, uma certa áurea encobre a figura do monarca; de qualquer monarca. Figura destacada em sua representação, o soberano é, normalmente, definido, por seu "corpo duplo". O primeiro deles é mortal e, assim sendo, assemelha-se ao de todos os seus súditos: sofre com as vicissitudes das tristezas, vícios e alegrias comuns à humanidade. O segundo, sacralizado, representa o corpo divino do rei, aquele que justamente se separa dos demais; o que não morre jamais. Assim, como se podem notar os usos políticos dessa figura, tal verificação não dá conta do "outro corpo do rei", objeto de uma leitura popular alimentada para além do contexto mais imediato da elite e do estamento da nobreza.

Não se manipula no vazio e quando isso ocorre é a própria manipulação que tende a sobrar como uma fala sem lugar. Local do exercício do maravilhoso, a monarquia sempre associou, em momentos diferentes, olhares mais sincrônicos a leituras diacrônicas. Não se faz "propaganda" só no presente; ou melhor, vai-se ao passado buscar matéria para o presente. Mas essa é mesmo uma longa discussão. Quem sabe valha a pena voltar à velha definição de F. Boas, que afirmou ser "o olho que vê, o órgão da tradição". Se a lógica da publicidade é centrada no jogo da "emissão", que é sempre unívoca, engana-se aquele que acredita que a "recepção" é, pelo mesmo motivo, previsível e uniforme. Novas perguntas recortam universos distintos, quando percebemos que, de alguma maneira, somos todos um pouco "míopes culturais". As culturas impõem grades de leitura que revelam como os homens não são papéis em branco, que respondem sempre de forma previsível e idêntica.

O terreno do imaginário e das mentalidades é, pois, um local que não se define apenas pela via da análise política e intencional. Nada como recorrer à noção estrutural de símbolo, que não se limita a uma leitura realista e imediata, mas busca uma eficácia que é sempre relativa. "Significar é estabelecer relações", diz Claude Lévi-Strauss, como a alertar que nesse processo alteram-se razões mais imediatas, com lógicas "que falam — mesmo — entre si".

D. Pedro II

D. Pedro II

Imperador brasileiro de 1840 a 1889. Nasceu em 2 de dezembro de 1825 no Palácio Imperial de São Cristóvão, no Rio de Janeiro e foi batizado como Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocácio Miguel Rafael Gonzaga e Bragança, sétimo filho de D. Pedro I (1798 – 1834) e da imperatriz D. Leopoldina (1797 – 1826).

Em 1831, após a abdicação de D. Pedro I, motivado pelo seu autoritarismo e interesses na sucessão portuguesa, Pedro de Alcântara foi aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, ficando aos cuidados de José Bonifácio de Andrada e Silva, substituído pelo Conde Itanhaém, Manuel Inácio de Andrada Souto Maior.

Na infância, ficou recluso na Corte Imperial protegido das agitações que dominavam o Período Regencial, submetido a uma rotina rígida em horários e estudos como a escrita, aritmética, geografia, desenho, francês, inglês, música e dança. Sua educação foi refinada, tendo como professores Candido de Araújo Viana (Marques de Sapucaí) frei Pedro de Santa Mariana, que o iniciou os estudos de direito constitucional, do bibliotecário Roque Schuch, ou de Felix Emilio Taunay, diretor da Imperial Academia de Belas-Artes, dotando o imperador de sólida base intelectual.

Através do palaciano Golpe da Maioridade, desfechado em 23 de julho de 1840, foi declarado apto para assumir o trono aos 14 anos, ao invés de 18 como exigia a Constituição de 1824. Uma vez empossado encontrou um país com províncias dispersas sem comunicação entre elas, onde as rebeliões ameaçavam a unidade territorial do grandioso império; com uma organização jurídica, administrativa e bancaria deficitária; com uma economia baseada na monocultura escravista e uma divida externa de 5.580.400,00 libras esterlinas.

Começou seu mostrando personalidade, preparo e responsabilidade para o cargo ao qual foi encarregado, conduzindo a política com maestria com os atributos do Poder Moderador. Nos anos de 1850 foi visível sua obra no país:

· 1850: Lei de Terras; Código Comercial; repressão ao trafico de escravos com a lei Eusébio de Queiros; criação da província do Amazonas;

· 1852: Reforma da legislação Judiciária, das forças armadas, do corpo diplomático, do ensino e da administração; inauguração do telegrafo (em 1889 haviam 19.000 linhas integrando quase todo o país);

· 1854: construção da primeira estrada de ferro, ligando Rio de Janeiro a Minas Gerais.

Para governar promoveu a “Política da Conciliação”, onde procurou reunir em seu governo políticos de ambos os partidos da época (Liberal e Conservador) afinados com os interesses do Estado, para um desenvolvimento conservador e no uso do poder Moderador, que dava mais poderes aos outros três poderes executivo, legislativo e judiciário, escolhendo até os primeiros-ministros para o governo. Impôs sua autoridade em todas as esferas de poder e nas instituições do governo imperial sem, contudo, ser autoritário. Os políticos contrários à centralização do poder em suas mãos declararam o chamado Teatro de Sombras, onde tudo era controlado por sua “mão invisível”.

Na fala ao trono no ano de 1871, apresentou o pedido que culminou na aprovação da Lei do Ventre Livre (28 de setembro de 1871) e, de forma astuta, ausentou-se do país e colocou sua filha, Dona Isabel, como regente, preparando-a para sucedê-lo. Dessa forma evitou acusações de interferência nas votações da Assembléia. A mesma estratégia foi feita na Lei dos Sexagenários (28 de setembro de 1885) e a Lei Áurea (13 de maio de 1888).

Foi aclamado pelos mais humildes como herói ao se alistar como “voluntário número um” na guerra contra Solano Lopes, e ao defender a honra brasileira diante dos abusos diplomáticos do embaixador inglês Willian Christie, a chamada Questão Christie (1863 – 1865), rompendo relações diplomáticas com a Inglaterra.

Durante a Guerra do Paraguai (1864 – 1870), Zacarias de Góes, Liberal, criticou D. Pedro por recusar a demissão do Comandante-em-chefe, Marques de Caxias. A resposta veio com a dissolução de seu ministério, empossando outro ministério liderado pelo Partido Conservador.

A imagem que ficou no imaginário brasileiro e no exterior foi a do “Rei-filósofo”, amante das ciências e das artes. Essa imagem foi construída pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Inaugurado em 1 de dezembro de 1838, com a finalidade de dar um passado para o Brasil, reunindo e publicando os documentos necessários para a escrita de nossa historia. O principal patrocinador foi Pedro II, aclamado com o titulo de “protetor do IHGB”. Ele participou ativamente das reuniões, contribuindo para a construção de sua própria imagem. Sua influência foi decisiva ao propor temas, prêmios e apoio financeiro para a expansão de suas atividades. Apoiou ainda a produção de trabalhos inéditos pelo instituto, sendo explicito os temas de seu agrado. O pintor Pedro Américo (1843 – 1905) foi o grande beneficiado do monarca, que o eternizou em seus quadros a figura do representante dos interesses do povo e da nação na Assembléia e no mundo.

Pessoalmente fiscalizou todos os exames aplicados e a qualidade da comida servida no Colégio Pedro II. Misturou-se ao povo, fez audiências públicas aos sábados e encontrou-se com pessoas de fora da corte, como o príncipe negro D. Obá, dispensando todos os protocolos. Quando veraneou em Petrópolis, passeou a cavalo pela cidade e comeu frutas no mercado misturado ao povo. Vestiu com simplicidade, usando um jaquetão preto.

O país testemunhou uma paz interna; o nascimento da industrialização, com destaque ao Barão de Mauá, prejudicado pela concorrência inglesa, e o crescimento da nova fonte de riqueza, o café, que expandia-se pelo Vale do Paraíba e Oeste Paulista.

Após 1870 a monarquia entrou em declínio, influenciado pelo crescimento do movimento republicano, o insolúvel problema da mão-de-obra escrava tendo o seu conhecido desfecho, as questões sociais em função dos escravos libertos por lutarem na Guerra do Paraguai que encontravam suas famílias ainda escravizadas, a politização das forças armadas e a crise ideológica com a Igreja, suas principais bases de apoio.

O Exército politizou-se com a Guerra do Paraguai, percebendo sua importância. Mas tal questionamento foi repreendido pelo governo. Assim o Exercito retirou seu apoio, voltando-se para as idéias positivistas. A Igreja encontrou-se subordinada ao monarca pelo sistema do padroado, onde o Catolicismo foi a única religião permitida, mas obedecia ao Rei. Uma ordem do papa para proibir o casamento de maçons não foi seguida pelo Imperador, maçom. Questionando as decisões do império, a Igreja sofreu com prisões de Bispos, retirando seu apoio. Os fazendeiros cafeicultores utilizavam mão-de-obra escrava africana nas lavouras. Uma vez libertada sua força de trabalho, os fazendeiros retiram seu apoio ao Império. Assim a Monarquia Brasileira não caiu, foi abandonada.

Apoiando-se na sua decadência as sátiras políticas, como de Ângelo Agostini (1843 – 1910), o representavam como um velho caduco que não percebia os fatos que aconteciam pás suas costas. De fato, nos últimos anos de seu governo, a Princesa Isabel era quem executava as leis em seu lugar. A essa altura, a República já se tornara em séria ameaça.

O baile organizado na Ilha Fiscal em 9 de novembro de 1889, em homenagem a uma missão chilena, ficou para a História como o Baile da Despedida, por ser o último antes da proclamação da República. Nesse baile o imperador, mau das pernas teria escorregado e antes de alguém segura-lo, ergueu-se novamente dizendo: “Vêem, a monarquia escorregou, mas não caiu”. Pedro II ficou até uma hora da manhã, logo depois, rumores sobre prisões de militares teriam dominado o assunto na ilha. Dias depois, a 15 de novembro de 1889, caiu o último imperador brasileiro com a Proclamação da República pelo, seu então amigo, Marechal Deodoro da Fonseca.

O governo provisório republicano obrigou toda a família imperial a sair do país em 24 horas. Na madrugada do dia 16, o velho monarca recusou-se a embarcar para o exílio, mas foi convencido para evitar derramamento de sangue.

Partiu para Portugal, onde a Família Bragança ainda reinava, virando refúgio dos monarquistas. Ficou tempo o bastante para visitar o túmulo de seu pai e algumas universidades. Em 28 de novembro de 1889 morreu sua mulher. Mudou-se para a França acompanhado de toda a família, vivendo da boa vontade de seus súditos leais. Recusou uma pensão concebida por Deodoro da Fonseca, a quem foi amigo e depois proclamou a República, em troca do fim de seu banimento. Esperou a venda de seus bens no Brasil.

Com a diabetes avançada, tratou-se nas estações hidrominerais de Vich e Baden-Baden. Afastou-se dos assuntos políticos para dedicar-se a cultura. E desencorajou os movimentos para a restauração da monarquia, temendo uma guerra civil. No exílio virou cidadão comum, assinando Pedro de Alcântara. Em Cannes ocupou-se dos estudos de línguas e literaturas estrangeiras; freqüentou conferencias, museus e academias, fez passeios sempre vestindo seu jaquetão preto, ofuscando a sua importância política. Escreveu Fé e Oficio em 28 de maio de 1891, considerado seu testamento político, que relembrando seus feitos e intenções para o Brasil.

Em dezembro de 1891 contraiu uma pneumonia após um passeio de carro pelas gélidas ruas de Paris. Não resistiu. Com apoio do governo francês, seu funeral foi realizado com grande apoteose, corpo embalsamado e honras só concedidas às famílias reais européias, recuperando assim a majestade. Foi velado na França, passando pela Espanha e enterrado no Panteão Real, na Igreja de São Vicente de Fora, em Lisboa. Finalmente retornou a sua amada pátria em 1921 e seus restos mortais depositados no Mausoléu da Catedral de Petrópolis, cidade que mandou construir.

A herança principal de D. Pedro II foi a consolidação de um Estado Nacional, pois a sua figura simbolizava a integridade nacional.

No plano externo projetou o país com sua participação em feiras científicas e como terceiro árbitro nos conflitos entre países. Um exemplo de sua importância nos meios cultos foi em 1876, na Filadélfia (EUA), quando atentou a comunidade cientifica para o aparelho supostamente inventado por Graham Bell, mostrando o alcance que teria o telefone no futuro ao dizer: “Meu Deus! Isto fala!”.