segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Bullying

Bullying é um termo da língua inglesa (bully = “valentão”) que se refere a todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro de uma relação desigual de forças ou poder.

O bullying se divide em duas categorias: a) bullying direto, que é a forma mais comum entre os agressores masculinos e b) bullying indireto, sendo essa a forma mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica o isolamento social da vítima. Em geral, a vítima teme o(a) agressor(a) em razão das ameaças ou mesmo a concretização da violência, física ou sexual, ou a perda dos meios de subsistência.

O bullying é um problema mundial, podendo ocorrer em praticamente qualquer contexto no qual as pessoas interajam, tais como escola, faculdade/universidade, família, mas pode ocorrer também no local de trabalho e entre vizinhos. Há uma tendência de as escolas não admitirem a ocorrência do bullying entre seus alunos; ou desconhecem o problema ou se negam a enfrentá-lo. Esse tipo de agressão geralmente ocorre em áreas onde a presença ou supervisão de pessoas adultas é mínima ou inexistente. Estão inclusos no bullying os apelidos pejorativos criados para humilhar os colegas.

As pessoas que testemunham o bullying, na grande maioria, alunos, convivem com a violência e se silenciam em razão de temerem se tornar as “próximas vítimas” do agressor. No espaço escolar, quando não ocorre uma efetiva intervenção contra o bullying, o ambiente fica contaminado e os alunos, sem exceção, são afetados negativamente, experimentando sentimentos de medo e ansiedade.

As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com sentimentos negativos e baixa autoestima. Tendem a adquirir sérios problemas de relacionamento, podendo, inclusive, contrair comportamento agressivo. Em casos extremos, a vítima poderá tentar ou cometer suicídio.

O(s) autor(es) das agressões geralmente são pessoas que têm pouca empatia, pertencentes à famílias desestruturadas, em que o relacionamento afetivo entre seus membros tende a ser escasso ou precário. Por outro lado, o alvo dos agressores geralmente são pessoas pouco sociáveis, com baixa capacidade de reação ou de fazer cessar os atos prejudiciais contra si e possuem forte sentimento de insegurança, o que os impede de solicitar ajuda.

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010 com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações típicas do bullying são comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maior incidência dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.

Os atos de bullying ferem princípios constitucionais – respeito à dignidade da pessoa humana – e ferem o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. O responsável pelo ato de bullying pode também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do estabelecimento de ensino/trabalho.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Gueto de Varsóvia

ContemporâneaO Gueto de Varsóvia
O GUETO DE VARSÓVIA

Introdução
A teoria anti-semita do nazismo foi esboçada inicialmente no livro “Mein Kampf”, (Minha Luta) que Hitler escreveu enquanto esteve no presídio militar de Landsberg, por força de sentença do Tribunal de Munique, uma vez que liderara o levante conhecido como PUTSCH DE MUNIQUE. Condenado a 5 anos de prisão, ficou detido por apenas 8 meses.
Toda a década de 20 do século XX foi caracterizada por grave crise na Alemanha, em parte devido as imposições do pós Primeira Guerra, que se ampliaram após a crise 1929. Apesar de variações na dimensão da crise, considera-se que ela foi responsável pela “polarização ideológica”, quando percebemos a organização e o crescimento do movimento fascista e, na Alemanha, do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores (Nazista) liderado por Hitler
O Partido nazista chegou efetivamente ao poder em janeiro de 1933. Desde então configurou-se uma ditadura no país e, do ponto de vista social, a perseguição em larga escala aos judeus; não havia instância policial ou estatal capaz de conter os distúrbios e agressões das SA, as temidas milícias paramilitares do Partido Nacional-Socialista ( o nome original, Sturmabteilung, significaria Divisão de Assalto).
Rapidamente os judeus foram despojados de seus direitos individuais e civis, proibidos de exercer determinadas profissões, limitados em seu direito de ir e vir, expulsos de universidades, agredidos, obrigados a entregar ou vender empresas e propriedades. Quem podia, tentava fugir para o exterior para escapar das perseguições.
As perseguições se estenderam a todos os territórios ocupados pelas tropas alemãs, conforme avançavam, principalmente em territórios do leste europeu. Nesse sentido, a Polônia, primeiro país ocupado pelos alemães e com população judaica em grande número, sentiu diretamente os efeitos da política nazista, que combinou o “combate às raças inferiores” com o combate a todos aqueles que se opunham ao novo governo do pinto de vista político. Socialistas, comunistas, nacionalistas poloneses, todos que, de alguma forma participaram ou contribuíram com a resistência polonesa foram perseguidos e, quando capturados, enviados inicialmente para Auschwitz.

A Solução Final

Não se sabe exatamente quando se iniciou a política de extermínio completo dos judeus, designada pelos nazistas como “a solução final”. Para muitos historiadores a “Solução Final” teria se iniciado após a invasão da União Soviética, quando os Einsatzgruppen (Grupos de Tarefas Especiais) entraram na União Soviética seguindo a invasão das forças armadas, em junho de 1941 e passaram a fuzilar judeus onde quer que estes se encontrassem. Cerca de 500.000 judeus foram mortos desta forma entre Julho e Dezembro de 1941.
No entanto, a maioria dos documentos existentes considera que a decisão de Hitler, no sentido de efetivar a eliminação em massa, foi de dezembro de 1941 e, portanto, colocada em prática a partir do início do ano seguinte.

Varsóvia

Enquanto os campos de concentração destinavam-se aos prisioneiros políticos, os judeus foram obrigados e viver em “guetos”; Os guetos judeus na região do chamado "governo geral" (área sob domínio nazista) deveriam acolher todos os judeus europeus: Lodz, Varsóvia, Cracóvia, Jalowiec ou Bialystok.
Quando o exército alemão instalou-se na Polônia e passou a exercer controle efetivo na área sob seu domínio, em outubro de 1939,iniciou uma política de transferência dos 400 mil judeus de Varsóvia para o antigo bairro judeu que, em condições normais, tinha condições de abrigar 60 mil pessoas.
Um muro de cerca de 3 metros de altura, ao longo de 18 kilometros foi rapidamente levantado para isolar completamente o bairro, que tornou-se um "gueto" no sentido mais exato e nefasto da palavra. Aos judeus de Varsóvia se somaram outros 100 mil, presos nos povoados vizinhos. As imagens do gueto mostram as condições sub-humanas de vida sem a menor infra-estrutura habitacional, de alimentação ou de saúde.. Crianças esqueléticas pediam esmolas nas ruas, adultos desesperados sem dinheiro para poder sobreviver. Os gêneros alimentícios eram contrabandeados.

Em 1942, os nazistas deram início a sua política de eliminação física dos judeus, cujo nome era "deportação para o Leste". Para as pessoas nos guetos, afirmavam que iriam para uma frente de trabalho e que poderiam inclusive ganhar dinheiro. Mas o destino final da viagem eram os campos de extermínio. Até janeiro de 1943, quase 317 mil judeus foram deportados e assassinados nas câmaras de gás.
As pessoas que permaneceram no Gueto de Varsóvia ficaram desconfiadas e a resistência judaica que começara a se organizar início de 1940 transformou-se num grupo de combate, reunindo todas as tendências políticas possíveis.
Em janeiro de 1943, Heinrich Himmler, então chefe da Gestapo – a polícia secreta -, esteve em Varsóvia e foi pessoalmente ao gueto, para logo após dar a ordem de destruição e de extermínio de todos os seus habitantes. No dia 18 de janeiro de 1943, vários batalhões da SS (Schutzstaffel - em português "Tropa de Proteção") cercaram a atacaram o gueto, mas para surpresa geral, foram recebidas à bala e granadas, forçadas a se retirar após sofrerem muitas baixas.
Um dos principais líderes da rebelião, Anilevitch, um jovem de 24 anos, fez um apelo ao mundo exterior através de uma rádio clandestina: "Declaramos guerra à Alemanha, a declaração de guerra mais desesperada que já foi feita. Organizamos a defesa do gueto, não para que o gueto possa defender-se, mas para que o mundo veja a nossa luta desesperada como uma advertência e uma crítica".
Após uma trégua de três meses, em 19 de abril de 1943, foi realizada nova investida de tropas nazistas, que contou com a colaboração de grupos fascistas poloneses e ucranianos. Mais uma vez os moradores do gueto resistiram, utilizando armas contrabandeadas, e rechaçaram os inimigos que acabaram fugindo de forma desorganizada. Para os defensores do gueto, o desespero era sua força.
Diante de tamanha resistência, o comandante alemão Jürgen Stroop recebeu ordem pessoal de Hitler para usar de todos os meios a fim de destruir o gueto: artilharia, blindados, lança-chamas, gás asfixiante. Era uma luta corpo a corpo nas ruas, nas casas, sala por sala, sobre os telhados, nos porões, nos esgotos. Finalmente, no ataque final, a aviação alemã teve que intervir para acabar com os últimos focos de resistência.
Para comemorar a destrição do "gueto", Stroop mandou dinamitar a principal sinagoga de Varsóvia, representando o ato final do extermínio daquela que havia sido uma das maiores comunidades judaicas da Europa.Fotos / Clique para ampliar

Canal de Suez

O Canal de Suez
O Egito e o Canal de Suez


Desde a antiguidade, persas e depois romanos, imaginaram a construção de um ou mais canais que facilitassem o transporte de mercadorias entre regiões do Oriente Médio e a Europa. Os romanos, quando invadiram a região, construíram vários canais ligando o sul até o delta do Nilo. No entanto, foi durante o século XIX que essa idéia ganhou novo corpo e se materializou, num momento de expansão do capitalismo, marcado pela expansão da indústria na Europa e a necessidade de ampliar mercados, assim como de encurtar distâncias entre os mesmo e as áreas produtoras.

Desde os primórdios do século XVI o Egito esteve sob domínio do Império Turco Otomano, domínio este que se estendeu até 1882. Foi um pouco antes dos turcos perderem o controle sobre a região, que o Canal de Suez foi construído.

O país era governado pelo Rei Said Pascha, que assinou, em novembro de 1854, a licença para a construção de um canal entre os mares Vermelho e Mediterrâneo. A Obra ficou a cargo da Companhia Geral do Canal de Suez, criada pelo engenheiro francês Ferdinand Marie de Lesseps, que obteve permissão para explorá-lo durante 99 anos. A obra foi concluída e inaugurada em 1869.
Na segunda metade do século XIX, época da construção do Canal, a França era governada por Napoleão III e vivenciava um processo de rápida industrialização, dentro daquilo que se convencionou denominar como Segunda Revolução Industrial.

A França já ocupava algumas regiões da África, como a Argélia (conquistada entre 1830 e 1834) e pode-se compreender a construção do Canal de Suez como mais um passo de uma política imperialista, típica do final daquele século, que envolveu diversas nações do continente europeu e ainda o Japão, no processo neocolonialista.

Toda uma legislação especial foi estabelecida para a utilização do Canal, caracterizada pelo liberalismo, que considerava a permissão de passagem para embarcações de qualquer nação. Mesmo assim, as disputas coloniais colocavam novas situações de conflito, envolvendo o interesse de empresas e de nações, na verdade interesses que misturavam público e privado.

Foi nesse contexto que a Inglaterra, a maior potência da época e que continuava sua política de expansão, invadiu e dominou o Egito, retirando-o da dominação turca.

O Império Turco conhecia um processo de decadência, percebido pelas lutas nacionalistas na Península Balcânica e reduzia-se, perdendo espaço para as potências européias, que vislumbravam dominar as regiões do Oriente Médio.

Na época da inauguração do Canal de Suez ainda não havia a exploração de petróleo no Oriente Médio, que décadas depois, já no início do século XX, colocou um novo ingrediente nas disputas que envolveram a região.

A ocupação britânica

A construção do Canal de Suez foi responsável por grande endividamento externo do governo egípcio, que obtivera empréstimos em bancos europeus, em especial ingleses. O governo estabeleceu uma situação de dependência crescente em relação ao capital internacional, fato que permitiu a ampliação de negócios estrangeiros no país e, ao mesmo tempo, alimentou um forte movimento nacionalista liderado por militares, que pretenderam derrubar o governo de Ismail Pacha.

A intervenção britânica iniciou-se em 1881e no ano seguinte o movimento revolucionário dos militares foi derrotado. Os ingleses passavam a exercer maior controle sobre o Canal, assim como passaram a ter o controle quase que completo da economia egípcia, a maior produtora de algodão do mundo naquele momento, matéria-prima fundamental para a indústria têxtil inglesa, a mais moderna da época.

A Inglaterra implementou no Egito o mesmo modelo de colonização que desenvolvia em outras regiões sob seu domínio, preservando no poder uma elite local, porém subserviente aos interesses britânicos. A manutenção de tropas britânicas, com o pretexto de garantir a ordem e os direitos dos investidores no país foi acompanhada da manutenção do antigo governante, o quediva (designação para vice-rei para os turcos). Apesar da existência de um “governo egípcio”, quem comandava o país eram os Altos Comissários Gerais britânicos, que por igual acumulavam a função protocolar de cônsules gerais do Império Britânico no Egito, apoiados pela elite agrária exportadora de algodão. A população promoveu pequenas revoltas e demonstrou descontentamento com a presença e influência britânica e a religião muçulmana serviu de elemento catalisador para esse descontentamento, apesar de que mesmo a elite entreguista era muçulmana. No entanto o movimento popular nunca encontrou força suficiente para a expulsão dos britânicos

Com o início da Primeira Guerra Mundial, o povo egípcio depositou esperanças de que no final do conflito ocorreria a evacuação das tropas britânicas do país.

No entanto, o acordo secreto Saykes-Picott, de 1916, entre Ingçlaterra e a França, que dois anos depois venceram a guerra, demosntrou que as potências não tinham nenhum intenção de abandonar o Oriente Médio. As duas potências colonialistas, controladoras do Canal de Suez,pretendiam manter e ampliar o controle sobre diversas regiões do Oriente Médio. Alias foi durante a Guerra que caracterizou a existência de petróleo da região. Inglaterra e França acertaram dividir entre si as antigas províncias otomanas (a Inglaterra preservou o controle sobre o Egito, mais a Palestina, a Transjordânia e a Mesopotâmia - atual Iraque -, enquanto a França passou a dominar as regiões do Líbano e da Síria).